segunda-feira, 17 de julho de 2023

QUEM ME CONTOU FOI...(II)

 

Arte: Ricardo Azevedo


Cada causo, cada história tem um objetivo. A gente viaja na imaginação de cenas e vive buscando lições ao passar pelas narrativas. Quem me contou a quem vem a seguir foi o Anderson depois de escutar do próprio avô. Preste atenção.


     “Era uma vez...” assim começou o meu avô. “...um rapaz que se aproximava dos trinta anos, nunca tinha se casado e era muito maldoso com as pessoas e bichos. Ele odiava cobras, vivia castigando qualquer uma que encontrasse. Então, dizem as pessoas, que um certo dia ele encontrou uma cascavel no caminho que ia da sua casa até a roça. Como sempre, deu uma pancada nela, mas não chegou a matar. Percebendo que ele ainda vivia, resolveu fazer uma maldade pior: pegou a coitada, colocou num oco de árvore e tapou-a com pedra e barro. Depois de muito tempo, quando esse homem já era idoso, com setenta anos, casado e com três netos, sendo um deles muito apegado a ele, aconteceu um fato que nos deveria fazer pensar melhor os nossos atos em relação a todos os seres vivos. Foi assim: num belo dia, bem de manhãzinha, chamou o neto querido para ir à roça ver como estava linda a plantação. Então, caminhando naquele trajeto, passou debaixo da velha árvore em que ele tinha colocado a cobra há quarenta anos. Sentindo-se cansado, ele sentou à sombra e resolveu contar o que tinha feito com a cobra: ‘Olha, meu neto, um dia eu coloquei uma cobra cascavel aqui neste oco tapado com terra e pedra. Já faz muitos anos’. Então neto perguntou: - Vovô, será que ela já morreu? – Claro, meu filho. Quando eu coloquei ela aí eu não tinha nem conhecido a sua avó. – Nossa! Então faz tempo mesmo! Nesse ponto da prosa o idoso resolveu abrir o buraco para ver o aspecto da tal cobra. Com a ajuda de uma faca começou a cavoucar. De repente sai uma cobra sequinha, magra de fazer dó. Estava viva e picou o  avô. Ele caiu tremendo todo e logo morreu. Foi o troco dado pela cobra à maldade dele”. E o meu avô garantiu que esta história é verdadeira. 

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