quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

ESTÁ NA NATUREZA

Jaca madura - Arquivo JRS

    
     Adoro as frutas, sobretudo dessa época, de verão. A que mais faz sucesso agora é a jaca (por ter em maior quantidade pelos caminhos e matos). Caso você esteja caminhando da Lagoa para o Simão, duas praias do lado sul do município de Ubatuba, não tem como não perceber as jaqueiras e o cheiro das frutas amadurecidas. Na Prainha do Costa, Figueira, Félix, Camburi e tantas mais é a mesma coisa. Também repare nas bananeiras pelos caminhos, pois sempre tem passarinho avisando dos cachos no ponto. Mas se prestar mais atenção ainda, notará os pés de bacuparis carregados de frutinhas amarelas, os cambucazeiros alaranjados sempre desafiando pelas alturas e outras variedades que persistem na Mata Atlântica. Não tem como passar fome. Nem sede! Com tanta chuva neste começo de ano, os olhos d'água reapareceram em muitos lugares. Ontem, pedalando com a minha filha, ao lado da rodovia, indo para o Horto Florestal, uma água abundava pela ciclovia. "É vazamento, pai?". "Não, Maria. É uma mina d´água, vem dali do morro que, mesmo sendo queimado a cada ano, essa água dificilmente seca. Imagine então se a mata estivesse constituída, preservada! Um gestor atento, querendo embelezar, oferecer água aos transeuntes e evitar essa área encharcada, construiria uma fonte bem ali. A comunidade pode acordar para esses pequenos gestos, essas pequenas obras. Imagino que ela seja deliciosa e de boa qualidade". Também imagino o quanto seria útil, além de bonito, as margens das rodovias serem repletas de árvores frutíferas, tipo abacateiro, jaqueira, cambucazeiro, fruta-do-conde, pitangueiras, amoreiras, grumixameiras, araticunzeiro, fruta pão etc.

     Agora, diante do texto, sinto um cheiro próximo. É cheiro-saudade e cheiro real de outra jaca no ponto de ser aberta e servir de alimento. Quando criança, a gente rodeava a jaca aberta, cada um de nós segurando um galho seco servindo de espeto para ir "pescando" os favos e se fartando junto com as pessoas estimadas. Tem coisa melhor que isso de partilhar? É o isso que chamo de cheiro-saudade.


Em tempo: o meu saudoso Tio Aristides foi tricampeão na prova de quem comia mais jaca de uma vez, no Sertão da Quina. (Era uma prova anual, em pleno verão, com muitos participantes). Sua melhor marca: deu conta de uma jaca e meia. E saiba que a disputa tinha um componente a mais: jaca com farinha de mandioca. É mole? São coisas de caiçaras!

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