terça-feira, 14 de outubro de 2014

BRINCADEIRA TEM HORA!

           
O desfile desce a Rua Dona Maria Alves. Hoje é o "Calçadão" (Arquivo Histórico)

           Olá, Flávio Augusto! Que bom tê-lo como seguidor no blog!

O escrito Malba Tahan conta que “o saudoso professor Tales Melo, um grande matemático brasileiro, ao visitar o Ginásio de Friburgo, teve ocasião de palestrar com vários alunos. Em dado momento um adolescente, em tom muito sério, perguntou:
               - Que idade o senhor tinha, Dr. Tales, quando descobriu esse teorema que tem o seu nome: Teorema de Tales?”.

               A introdução acima foi só para entender o que contarei agora:

               No meu segundo ano escolar, na Escola Agrupada do Perequê-mirim, no tempo em que sentávamos em duplas, naquelas carteiras de ferro e madeira maciça com um buraco para tinteiro no meio do tampão, tendo a professora Valda como mestra enérgica, o meu colega de assento era o João Góis.
               O Joãozinho adorava conversar. Era muito espirituoso, estava sempre soltando suas gracinhas. Em decorrência disso, numa ocasião eu levei o pior. Assim se deu:

               Mesmo sabendo que a professora era brava, “descia o braço” quando alguém extrapolava os limites da disciplina, numa manhã, logo após a volta do recreio, estando ela escrevendo  a atividade na lousa, o danado tascou:

           - Professora, a minha mãe comprou um remédio da senhora.
         - Meu remédio? A sua mãe comprou? Como assim? Eu não tenho remédio nenhum para vender!
          - Ah é! Então amanhã eu trarei a latinha como prova, onde se lê Pastilhas Valda. É mentira minha?

            No mesmo instante, estando perto de nós e não se conformando pela intromissão no roteiro da aula, enquanto todo mundo ria alto, ela partiu para dar um tapa no abusado. Porém, o danado abaixou a cabeça, se desviou. Adivinha quem recebeu o tapa com muita força? Eu! Afinal, era quem formava dupla com ele. Só que, ao contrário do filho do Seo Dito e da Dona Preciosa, eu era bem quieto durante as aulas, buscava aproveitar bem mesmo dos esforços dos professores! "Um aluno exemplar", diziam eles.

               Ela se desculpou comigo e em seguida, aí sim, se voltou para o Joãozinho sem ter como errar pela segunda vez.

            Num tempo em que a profissão de professor está tão desprezada pelo Estado e por muitos pais, quero homenagear os meus primeiros mestres: Olga Gil, Valda Virgílio, Pedro Eurico, Oberdan e Osmildo.

               Em tempo: aquela frase lida naquele tempo, quando tínhamos aula de leitura aos sábados, não me saiu da memória:

“No Japão todos creem firmemente que sem professor  não há imperador”. 

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