sexta-feira, 4 de julho de 2014

NOSSOS HÁBITOS

Coco pindoba em dois momentos (Arquivo JRS)

           Ao reler  umas anotações nuns papeis mais antigos, pensei que o título poderia ser Nossos hábitos na nossa linguagem. Isso porque trata de um falar caiçara que vai se perdendo. “É a modernidade”.
           É a modernidade que promove o afastamento de um tempo de maior interação com a natureza, de um conhecimento ancestral de tudo aquilo que o mato nos oferecia (desde a alimentação até as propriedades curativas).
          A inspiração presente veio depois de saborear um cacho de pindoba, resultado da excursão à Toca do Bagre (Jundiaquara). Aos amigos: estava uma delícia! Agora vem o tempo da brejauba, do pati...
       Pati  é o fruto do patieiro, outra espécie de palmeira das nossas matas. Depois que brota o miolo, o sabor adocicado é uma tentação. O ruim é a concorrência das pacas, cutias e caxinguelês. Conforme me apresentou há muito tempo o Dito Fernandes: “Esse é o pati. Agora tá brotado. Vamo catá o que puder. Sorte nossa o bicho ainda não tê aparecido e carregado tudo”.
       Tudo isso faz me buscar...


Na Badeja do Nhonhô Armiro
Um caxinguelê esperneia
Pelas grimpas do embiruçu,
Já reparando no juréu
Do lado da arataca.

A mode que não vi!?! Ahhh, homi!!!

Uma força de saquaritás,
Carambolas devezadas,
Balaio de peixe escalado.
Do cardo de massa,
Biju vai se formar.

A mode que não vi!?! Ahhh, homi!!!

Uma  barata escarrapachou.
Quando me precatei,
Tinha desmontado o mundéu
Do velho bem tiririca
No aceiro ainda a queimar.

A mode que não vi!?! Ahhh, homi!!!

Não quero nada intirume,
Nem bentrecha escalada.
Só aquela que veio de fornear.


A mode que não vi!?! Ahhh, homi!!!

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