sexta-feira, 25 de julho de 2014

AS MESMAS RUAS

A jabuticabeira que restou.  (Arquivo JRS)

          Por esses dias voltei ao bairro da minha infância, ao Perequê-mirim. Fiz questão de passar pelas ruas onde brincávamos e pelas outras que são “novidades”. Todas estão repletas de casas.

         Na minha antiga moradia, aos pés do Morro da Maria Graça, dei uma olhada mais atenta, avistei a caixa d’água, as pedras onde pulávamos... Tá quase a mesma coisa tudo por ali. Lembrei-me do tempo em que tudo aquilo era muito mato. “Aqui a Dolores fez uma casa, lá morava a Dona Jacinta e o Seo Tomás. Dentro dessa chácara o Luiz do Pito era caseiro. Onde morava o Dito da Hermínia, agora é um supermercado. No pé do morro era onde moravam o Seo Jorge, a dona Joana, o Elídio, o Antenor...Os Emboavas, assim como o pessoal do Domingos do Lícínio, se espalharam por outras terras. O Mané Gardino juntou os seus e se mudou para a Estufa...E o Morro do Angelino? E o Morro do Licínio? Deve estar cheio de gente nova!”. Tudo isso eu comentei com o Donizete, o Zetão, ao lado da moradia do Otacílio e da Ló.

        Continuando, quase não vi nenhum espaço vazio. Agora, os muros impedem as melhores visões, os quintais onde as criações abundavam. Encontrei poucos rostos de outro tempo. Estão envelhecidos, mas foi um imenso prazer revê-los.

     Naquele tempo, os Rocha nem tinham aberto o loteamento. Braulino e sua prole estavam ainda no Flamengo. O lugar deles era lugar de passarinhar, de pegar cambucás e de brincar pelos caminhos.  Naquele chão, a atração era a Usina da Aragon, a empresa que fez o novo asfalto de Caraguatatuba até Ubatuba“ Ah! Que saudades das mexericas do quintal do Álvaro Rocha! Só que ele, de tão ciumento, não podia saber das visitas que a esposa recebia durante o tempo em que estava nas obras, trabalhando de pedreiro. Por isso que, a cada vez que deixávamos seu quintal, a sua bondosa companheira, com uma vassoura de mato, varria todos os vestígios estranhos que marcavam a areia. Ele era muito bravo. Eu tinha dó dos filhos deles, do Zezinho e do Luizinho. O Velho Maneco Rocha também nos assustava sempre com aquele vozeirão”.


       Na terra do Velho Hiasa, avistei o Akitoshi. Foi na antiga roça deles, onde tinha pimenta-do-reino, que o Seo Dito Góis criou a sua descendência. Alguns continuam no mesmo lugar. “Por onde andará o Keiso, o outro filho do velho japonês?”. Ali, seguindo uma rua que não existia na minha infância, cheguei até onde ficavam as Jabuticabeiras do Japonês, que na época certa deixava que todos fossem se fartar das deliciosas frutas. Agora só tem uma das árvores. Está sofrida, velha. Serve de sombra a um barco velho. 
     
        É isso mesmo! As jabuticabeiras também morrem ou são mortas!

Um comentário:

  1. Tempos de outrora tempos que não voltam mais
    Parabens Amigo José Ronaldo
    Caiçara Purão
    Curtido com Gumguito e banana verde e farinha da terra
    e a danada Ubatubana pura

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