segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

LENDAS EM CORDEL




                Olhando a estatística do blog, me admirei o que número de leitores mostram: os Estados Unidos estão em primeiro lugar nesta semana, com 338 acessos; depois vem os do Brasil (271), da Alemanha (36) e da Malásia (18). Outros seguem a fila. Serão brasileiros que vivem no exterior? Serão pesquisadores interessados em particularidades da cultura caiçara? Ou...? Por favor, entrem em contato para nos informar.

        Na semana da Caldeirada Cultural, o talentoso Jorge Ivam Ferreira lançou o seu primeiro volume em xilogravura sob o título Lendas de Ubatuba em versos. Vale a pena adquirir e aguardar os próximos trabalhos.  É a nossa riqueza cultural em forma de literatura de cordel a partir desse estimado filho da Bahia que veio viver em nossa cidade. 

       Parabéns ao Jorge! 
       Parabéns à professora Alejandra Carolina Labarca!

                Só para um “tira gosto”, eu escolhi...

                A GRUTA  MISTERIOSA

                À direita do caminho
                Para  o Perequê-Açu
                Vê-se a boca de uma gruta
                Da cor de pena de anu.

                Quase entupida de lixo.
                Não é gruta natural,
                É túnel de verdade
                Construído como tal

                Para ludibriar o fisco.
                Essa passagem secreta
                Servira ao contrabando,
                Que não pagava coleta.

                Muitos negros traficados
                Foram conduzidos por ali.
                Os navios negreiros de noite
                Atracavam nessa baía

                E, saindo da Prainha,
                O túnel era um atalho,
                Que evitava que o braço
                Da lei tivesse trabalho.

                Assim como o traficante,
                O lesto contrabandista
                Passava sua muamba
                Sem que desse na vista.

                Quem empreende uma surdina .
                Às vezes é malsucedido:
                Naquele túnel também
                Morreu muito bandido.

                Por aquela falsa gruta,
                Ouro e pedras preciosas
                Escorriam para a Europa
                De forma perniciosa.

                Sim. Nas ranhuras da rocha,
                Muito ouro foi escondido
                Mortos seus proprietários,
                Virou tesouro perdido.

                Atrás dele, muita gente
                Tentou garimpar na gruta,
                Mas só conseguiu achar
                Almas penadas em luta.

                Voltou em cima do rastro,
                Ouvindo gritos de dor,
                Gemidos, tinir de ferros,
                E outros sons de puro horror.

                O tesouro referido
                Causa de muita cobiça,
                Deve ainda estar por lá,
                Quieto na pedra maciça.

                Entretanto, não desejo,
                Nas entranhas da caverna,
                Ou seja, daquele túnel,
                Colocar nem uma perna.

                Lá existe uma fortuna.
                Em compensação, porém,
                Para resgatá-la, dizem,
                Só num pacto com o além.

5 comentários:

  1. Obrigado por sua generosidade. Fortuna verdadeira é ter um amigo como você. Um abração, Zé.

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    1. Onde achamos estas Lendas de Ubatuba? Online, na Biblioteca? Ou está a venda em alguma livraria? Obrigada. Abração Zé e Jorge.

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    2. Obrigada e Parabéns Jorge e ao Zé Ronaldo, adorei seu Blog.

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  2. É verdadeira a história da grutinha? Ou foi só licença poética? Porque para quem vir aquele lugar cheio de lixo hoje não acreditará que é realmente um túnel que atravessa o Morro, saindo na prainha. E se for, não deveria ser preservado?

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  3. De qualquer forma, belo poema. Parabéns.

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