domingo, 15 de dezembro de 2013

POPULAÇÃO LOCAL E PRESERVAÇÃO

Mosaico - 01 (Arquivo JRS)


                No ano de 1991, a colega Carmen Calvente, exercendo o magistério na Ilhabela, desenvolveu uma pesquisa com os caiçaras, onde alguns aspectos foram a base do seu mestrado na área de Geografia do Turismo, pela USP.   Mesmo depois de duas décadas, continua sendo uma contribuição ao momento do litoral norte paulista.
               
                Aproximadamente 80% da Ilha é Parque Estadual de Ilhabela, uma outra parte é área tombada e o restante deveria estar protegida pela Lei do Uso do Solo Municipal. Se existem alguns grandes projetos embargados pelo Parque, sempre vai ser a maioria pobre, o morador local, um alvo mais constante  e fácil para as ações punitivas.  A Lei do Uso do Solo tem sido utilizada, de acordo com o relatado, como instrumento de poder pelas administrações  municipais. O decreto do Parque, da década de 70, foi feito sem levar em consideração o morador local,  representado para a população nativa, uma invasão de um território utilizado há várias gerações.
                Há duas maneiras possíveis de encarar a questão da população local em áreas de conservação. Uma maneira, a mais fácil, é pensar na população local como o principal inimigo da conservação e ter como projeto retirar essa população ou pensar em educá-la para obrigá-la a conservar. Uma outra maneira, com certeza a mais complexa, é pensar nessa população local e sua necessidade de sobrevivência dentro do mesmo processo histórico que trouxe a destruição ambiental sem precedentes encontrada hoje, e, encarar essa população como composta por sujeitos ativos, que podem participar, com seu conhecimento e territorialidade, num diálogo pela conservação desse espaço.

                É importante ressaltar que, no litoral norte de São Paulo,  neste século [XX], o grande impacto ambiental foi trazido pela chegada do equipamento turístico. Não há como questionar a necessidade de conservação, mas esta necessidade não surgiu porque os caiçaras ocupavam o território de maneira tradicional, e sim pela lógica da cultura urbana e a procura de espaços turísticos, que se transformaram em mercadorias de alta rentabilidade.

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