sábado, 12 de outubro de 2013

ESPAÇOS MUSEOLÓGICOS (II)


                Andando por ali mesmo, sem se afastar do Mercado de Peixe, em Ubatuba, uma obra atesta o empenho de tantas pessoas do passado para edificar uma cidade sobre as terras que abrigaram a aldeia de Iperoig, comandadas por Koakira, o último cacique, da época da “Traição de Iperoig”. Trata-se da Escola Estadual Dr. Esteves da Silva.

                É bem na margem do Rio Grande, em frente à Ilha dos Pescadores, que continua funcionando a Escola “Esteves da Silva”. Está lá desde 1896. Nesses moldes, deve ser um dos mais antigos do Estado de São Paulo. Imagine a alegria da população daquela época pelo desenvolvimento da instrução pública dessa cidade! Apenas os meninos estudavam. Só em 1908 foi instalada a seção feminina no grupo escolar. Antes disso, as meninas cujos pais deixassem estudar, tinham de ir ao Perequê-açu ou ao Itaguá. Era onde estavam as “escolas” isoladas femininas. Tempo difícil, né?  *(Essas escolas funcionavam em salas adaptadas de casas simples).

                O local, com uma visão privilegiada da boca-da-barra de Ubatuba, originalmente pertencia à família Pires Nobre, intendente municipal ("prefeito"). Era uma chácara, com um prédio  colonial, cuja data de demolição é de 1943. Naquele tempo a Rua Jordão Homem da Costa ainda tinha a denominação de São Salvador.
                Doutor João Diogo Esteves da Silva foi médico, professor e deputado (eleito em 1898). Imagine isso: uma cidade isolada, longe das decisões, mas tendo um deputado, um representante do Litoral Norte! Coisa que nunca mais aconteceu!

                Esteves da Silva, natural do Rio de Janeiro (1848), logo após a sua formatura mudou-se para Ubatuba. Aqui fundou a escola noturna do Ateneu Ubatubense, onde até recentemente funcionou a Câmara Municipal. Também foi sua iniciativa o nosso primeiro jornal, o Echo Ubatubense. Foi pena ter falecido tão cedo: em 1901.

                Quem quiser mais detalhes de suas atuações e de seu trabalho na área da medicina deve ler o livro de Félix Guisard Filho – Achegas à história do litoral paulista.  Sabe onde tem? Na Biblioteca Pública, na mesma praça onde funcionou por longas décadas o Posto de Puericultura. A propósito, não acha que tal prédio, "Posto de Saúde" deveria ter um destino mais nobre? Que tal fazer uma consulta à população nesse assunto?

                

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