terça-feira, 13 de agosto de 2013

FÉ NA ROÇA


chuva

     Lendo a poesia do mano Mingo, lembrei-me do Antonio Clemente em 1981, quando o encontrei na beira do rio do Sertão do Pasto Grande (Ubatumirim - Ubatuba) numa prosa com o Mané Grande. Me juntei a eles para escutar boas histórias. Tempo bom! Gente que dá saudades!

Porque estava chovendo há mais de uma semana,
Zé Marcolino foi procurar Antonio Clemente,
um homem de Deus,
para que fizesse pedido,oração ou penitência
para a chuva cessar
antes que perdesse sua plantação.
Antonio Clemente respondeu:
- É pra já, sente aí e vamos rezar um rosário.
O solicitante saiu pela tangente
que tinha um compromisso
e não podia ficar
(na verdade não tinha paciência
para esses assuntos de rezar).
O santo homem rezou, então, sozinho.
E suas preces subiram ao céu
junto com o cheiro do pirão de peixe
que saía pela chaminé do fogão a lenha,
mas o tempo ruim piorou até virar granizo.
Zé Marcolino perdeu tudo
e quase perdeu o juízo.
Só não passou fome
porque Antonio Clemente
dividiu com ele sua esplêndida colheita,
mas chamando sua atenção:
- Agora veja se aprende que sem oração
não tem santo que salve o feijão.

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