quinta-feira, 1 de agosto de 2013

BOI DE CONCHAS

       
Por onde andará a poetisa Terezinha Fazzuoli? (Arquivo JRS)
               Patrícia Sukita e Valéria: sejam bem-vindas!


       A Turma da Xilogravura, da professora Alejandra C. Labarca, resolveu mostrar seu empenho através de um texto local. Foi escolhida a Lenda do Boi de Conchas, ricamente descrita pelo amigo Júlio Mendes. Esta é a versão para a literatura de cordel feita pelo amigo Jorge Ivam. Todos estão de parabéns! E vem mais coisa por aí!

Ratambufe, bezerrinho,
Era branco sem jaça
Como um vestido de noiva
Ou uma pena de garça.

Ao nascer com o destino
Assinalado na testa,
ouviu de seu Cipriano
A promessa desonesta.

De ser levado até o mar,
Era treita do traidor,
Que só, somente, dinheiro
Para ele tinha valor.

Ratambufe embevecia-se      
Ao Cipriano citar
Um sem número de coisas
Que só existem no mar.

Cresceu, tornou-se robusto
Sonhando com o oceano,
Sem atinar que era mau
O intento de Cipriano.

Comerciante sagaz,
Pra vender  no litoral,
Ele trazia de tudo, 
Fosse planta ou animal.

Da sanha do mercador
Que bichinho escaparia?
Mesmo sendo diferente,
Virava mercadoria.

Ratambufe não seguiu,
Porém semelhante destino,
Pois quando descia a serra, 
Para o mar, foi em desatino.

Se ouvira a voz da sereia,
Não posso te responder.
O que Julinho me disse
Foi que o boi correu a valer.

E, sob as ondas do mar
E a benção de Anchieta,
Ocultou-se triunfante
Por ter tido tal veneta.

Cipriano emitiu gritos
Que fizeram ecos no ar,
Mas o boi, se os escutou,
Afundou-se mais no mar.

Ainda bem, porque seu dono
Não tinha intenções nobres.
O que deveria fazer
Era passá-lo nos cobres.

Fingindo levá-lo à praia,
Levava o boi ao matadouro,
Mas Ratambufe, fugindo,
Salvou sua pele, seu couro.

Ficou sumido por anos,
Só fascinando as sereias
Com a concha que tem na testa
E com aquelas das areias.

Certo dia, Ratambufe,
Ouvindo um som dedilhado
Lá na Praia do Cruzeiro,
Surgiu todo ornamentado.

Quem o viu não acreditou
Em sua própria sanidade
E duvidando, não quis
Relatar a novidade.

Mas desse dia em diante,
Para tantos pescadores,
Ratambufe apareceu
Que se criaram rumores.

Majestoso, o Boi de Concha, 
Como passou a ser chamado,
Fascinava, e quem o via
Não ia ficar calado.

Lindolfo contou a Malvina,
Ela, achando que era peta,
Não deu crédito ao marido
E mandou-lhe uma careta.

Mas com o correr do tempo,
Tudo era pretexto, azo,
Para um morador dizer:
"Eu vou lhe contar um caso".

Do nosso boi Ratambufe
Narrava outra aparição.
Desse modo, sua história foi
Ouvida até o sertão.

Quer participar do curso de xilogravura? Recomeça na próxima semana, na Fundart. A gente se encontra lá!

Um comentário:

  1. Obrigado, Zé.

    Esqueci de te avisar que quem digitou o texto para a publicação na Fundart cometeu alguns enganos. Por exemplo: em lugar de embevecia-se, treita,couro, escreveu embevia-se, treina, coro. É a pressa. Paciência.

    Um abraço.

    Jorge

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