quinta-feira, 27 de outubro de 2022

O DIABO É UM ANJO CAÍDO

Eu e Pedro Caetano - Arquivo JRS


       Causou-me admiração escutar um apresentador de programa televisivo dizer uma passagem bíblica para relacionar as maldades do Ministro da Economia e do Presidente do Brasil contra a população mais pobre. Escrevi, então, a dita passagem (que serve de título a este) e deixei que as pessoas lessem. Ficou na lousa. A primeira reação era de que se referia à derrota do candidato que usou e abusou de mentiras, de discursos de ódio e contra a democracia e o estado democrático de direito. E era mesmo! Então me recordei de um livro da década de 1980, de Marcelo Barros, cujo título era Nossos pais no contaram. Assim que comecei a leitura, parecia que eu estava escutando a saudosa tia Maria Mesquita, uma caiçara maravilhosa da praia da Fortaleza. Ela conseguia nos envolver em suas narrativas, bem do jeito do Marcelo Barros. A diferença era que a titia tinha apenas um mínimo de instrução, não conhecia quase nada desse mundo afora. Era sábia mesmo! De raiz!  Foi dela que ouvi pela primeira vez isso:

“O Diabo é um anjo decaído porque traiu a confiança de Deus. É um anjo do mal que nunca desapareceu. Os seguidores do Diabo continuam ainda hoje. Essa gente que faz traição à comunidade se torna anjo do mal. Desde pequena eu escuto histórias terríveis, dignas de seguidores desse anjo. Esta história está na Bíblia Sagrada porque nos tempos antigos já era assim. Todos nós somos chamado a sermos divinos, do bem etc. Mas deixamos de vigiar, afrouxamos nossas atenções...E acontece o quê? Caímos do lado de lá, alimentamos as ruindades”.

   A titia, com toda certeza, foi quem primeiro me transmitiu a dimensão de produção cultural na história chamada de sagrada por milhares de pessoas na Terra. É evidente que os escritores e escritoras da Bíblia foram se inspirando nos sucessos e insucessos para assim irem demarcando as “referências sagradas”. E é sagrada mesmo porque a busca é pela felicidade coletiva! Muitas outras tradições religiosas partem da mesma busca. Deusas e deuses foram assentando culturas por todos os lugares, sempre inculcando a felicidade inclusiva para toda comunidade. Quem se opõe a isso é anjo caído, tal como o Lúcifer da Bíblia (começada a ser escrita pelos retirantes da Mesopotâmia há milênios).

       Tristeza em ver tanta gente se pondo nesse lado ruim, sobretudo caiçaras, nesse pacote de maldades. O contexto atual é de optar entre a catástrofe e o muito difícil, pois sabemos que a diabada continuará em ação.

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