terça-feira, 29 de agosto de 2017

OCUPAÇÕES DESORDENADAS


A minha árvore (Arquivo JRS)

               Em outra ocasião eu já escrevi a respeito daquilo que todo mundo já sabe: ocupações desordenadas. O nome já diz tudo: está acontecendo fora de ordem. Onde? Na nossa Mata Atlântica, que mais parece terra de ninguém. Um menino disse assim: “O meu tio marcou um lote lá pra ele. Tem bastante gente ocupando aquele morro. Até o dono do mercado cercou uma área lá. Tem outras pessoas que são de fora. Dizem de um homem que já cercou tudo e logo vai construir, que é de Jacareí e é advogado”.  Será? Eu não duvido!
               Um colega de trabalho acabou de dar a notícia que o governo federal, “o Temer cedeu uma área muito grande na Amazônia para os estrangeiros extraírem metais preciosos, mas que garantiram que não vão desmatar mais do que está estipulado no acordo”. Outro trabalhador da empreiteira que abre estrada na Serra do Mar, em Caraguatatuba, está horrorizado pelos estragos que estão fazendo na mata: “Muitos bichos estão morrendo pelas derrubadas e pelas máquinas e caminhões. Na represa de Paraibuna, na construção da ponte, peixes estão morrendo devido ao óleo que vai parar na água”. O governo do Estado de São Paulo, há mais de década move um processo de desmanche da política ambiental preservacionista, de pesquisa etc. São notórias as ruínas na Estação Experimental do Horto Florestal, em Ubatuba. Nem os amigos do governador, de passagem pela rodovia Oswaldo Cruz, podem negar. Quer parar lá e ver o estado do salão que era nobre até os primeiros anos deste século? E o que dizer do núcleo da Mata Atlântica, onde em 2005, com orientação do Douglas, recebi maravilhosas aulas a respeito do ecossistema que nos rodeia e é a nossa maior riqueza? Agora é só ruínas.

               Enfim, aqueles pontos de fumaça no morro, não longe da minha casa, são desdobramentos de omissões e descompromissos que começam na esfera federal, cresce na estadual e se multiplica na municipal. Disse a Dona Senhorinha: “Fui reclamar no destacamento na semana passada. Quem me atendeu disse que é quem é dono daquele terreno é que precisa denunciar as queimadas e as ocupações”. Ou seja, não atendeu alguém que queria exercer a cidadania. Deve ter pensado: “Ah! Isso é coisa boba”. E agora, meu povo?

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