segunda-feira, 21 de agosto de 2017

E O PERU?



Outro Malhado (Arquivo JRS)

                Adoro histórias! Dias atrás uma colega se propôs a me contar uma história:
                   - Mas é história antiga. Você gosta?
                - Lógico que gosto! Pode-se dizer que histórias antigas são, no mínimo, engraçadas!
                - Então, preste atenção, Zé.


                “Minha mãe é daquela mulher que gosta de conversar de tudo com os filhos. Certa vez ela me contou uma história que eu ri muito. É relacionada aos meus avós que, infelizmente, não cheguei a conhecê-los. A história em questão, que eu acho o máximo, aconteceu numa véspera de Natal.
                O terreiro da casa da minha avó Quinhinha era cheio de criação (patos, marrecos, perus...). Com  ajuda do cachorro Malhado, treinado desde pequeno nas lidas da casa, ela separava um peru estando a dois dias antes do Natal. E, conforme o costume, antes de sacrificar, ela também dava pinga à ave. Naquela ocasião ela deu pinga ao peru, mas também bebeu bastante, se embriagando. Outro hábito dela quando se embebedava era dar tudo o que tinha em casa para aqueles que moravam mais próximos. Fez isto, depois colocou o peru na cama, devidamente aconchegado sob o cobertor. Em seguida  se deitou também e ambos dormiram. Quando o meu avô chegou da roça, foi logo acordando a vovó e perguntando o que era aquilo. Ele não estava entendendo nada. A vovó despertada, mas ainda embriagada, começou a gritar entre xingamentos: ‘Ninguém vai pegar o meu peru, ninguém!’. E assim passou boa parte da noite até que voltou a adormecer. Ao amanhecer, conforme outras ocasiões assim, começou a escorraçar  todo mundo, indo atrás das pessoas para pegar suas coisas de volta. Na verdade, os vizinhos já estavam acostumados com aquele ritual a se repetir sempre que a vovó se excedia no consumo da cachaça; muitos deles, assim que amanhecia, já iam chegando na sua casa para devolverem as coisas ‘presenteadas’. Era assim sempre.  Nesse ponto a mamãe aproveitava para  nos incentivar a não beber, dizendo que coisas absurdas assim só acontecem com quem bebe".

                     - E o peru, amiga?

                - Ah! Ele não morreu! Depois de passado o efeito da pinga em ambos, a vovó ficou com dó de matá-lo. 

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