quarta-feira, 3 de abril de 2013

UM FELIZ ENCONTRO

Olá, Cidinha de Jesus! Seja bem-vinda! (Arquivo JRS)


                Hoje, estando eu na escola “Deolindo”, avistei alguns indígenas no pátio. Logo pensei: devem estar aí para uma reunião a respeito de educação nas aldeias. De vez em quando acontece, faz parte da Diretoria de Ensino dar rumos nessa área. Apurando mais a vista, reencontrei a Fabiana, filha do cacique Awa (Uauá), do Corcovado. Que bom! Após os cumprimentos, fiquei sabendo que por esses dias, até sexta-feira, as lideranças estarão em encontro para aperfeiçoarem suas comunidades e suas organizações. Aproveitei para perguntar de seus irmãos, de como vai o seu pai Antônio Awa . Nisso, olhando nos demais rostos, um se destacou: era o cacique Altino.
                Não teve como eu encerrar logo o assunto! O Altino, sempre muito humilde, me impressiona! Ao olhá-lo, retorno no tempo, na segunda metade da década de 1970, quando sobre a sensibilidade guerrilheira do saudoso Otacílio Lacerda, o grupo de guaranis veio guiado para formar a aldeia no  alto do Prumirim.
                Aos sábados e domingos, aquele grupo recém-chegado à cidade, com seus trabalhos artesanais, sobretudo cestaria, se postava defronte a Farmácia do Filhinho. Era a única fonte de renda para aliviar-lhes as agruras. Naquele tempo estava sendo concluída a BR 101, no trecho Ubatuba-Paraty. À frente, capitaneando a todos, estava o cacique Altino.
                Entre as mulheres, crianças e jovens, Altino olhava tudo de forma silenciosa. Quando eu e amigo Avedis puxamos conversa numa ocasião, ele disse de suas esperanças no nosso lugar. Era a primeira vez que conversávamos, que víamos de tão perto um índio. Depois dessa ocasião, muitas outras aconteceram sempre no mesmo ponto. Naquele tempo, o lugar de encontro, o mais movimentado, o coração da cidade era a Praça da Matriz. Quando dava sede ou queria ir ao banheiro, eu atravessava a rua para ir na Pensão do Braga. Do outro lado da praça, sempre bem frequentado se localizava o nosso Cine Iperoig. Enquanto todo mundo girava na intenção de encontrar novas amizades ou a sua cara metade, a banda musical, a “Furiosa”, com Pedrinho, Alexandre Marques,  Mané Mariano, Paulinho da Máquina, Valtão, Maurinho e outros, fazia a alegria de todos.
                No nosso primeiro encontro, o Altino disse assim: “Isso é muito bonito!”
                Hoje, ao ver, entre  tantos jovens na escola, aquele grupo representando as duas aldeias do nosso município, eu disse ao Altino:
                - Que bom que vocês ficaram aqui e continuam firmes em seus propósitos! Que bom a nossa amizade resistir até agora!
               Finalmente, a Fabiana Awa me convidou para o encerramento da II Conferência Estadual de Educação Indígena que deve ocorrer na sexta-feira (5/4), das 14 às 17 horas, nas dependências do Hotel São Charbel, bem ali na Praça Nóbrega, no centro de Ubatuba. 

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