domingo, 19 de junho de 2011

Franceses sonhando em terras de Ubatuba (Parte IX)

       
         Infelizmente não tive sorte com a Sesmaria, pois o meu caseiro Melentino tentou uma ação de usucapião, mas sem nenhum êxito. Apesar disso declarou-se dono da Sesmaria e, há anos, vem vendendo pequenas áreas a  compradores de Ubatuba que sabem perfeitamente que o mesmo não é proprietário.    A Patrícia, minha primeira filha, assim  que alcança os dezoito anos se volta para a questão.  Nós temos os documentos, os registros dos funcionários. Até indenização o Melentino recebeu.
        Em 1992, Jean Pierre Júnior, sendo engenheiro civil, decide vir morar em Ubatuba, iniciando a  construção de seu primeiro barco de pesca de camarão e dedicando-se exclusivamente a essa atividade. É casado; tem uma filha. Aqui nesta casa somos nós: eu e Patrícia. Eu decidi, após me aposentar pela Unitau, vir também para Ubatuba. Afinal o meu filho já estava morando aqui, além desta terra ter fascinado por tanto tempo a família Patural.
        Atualmente não pensamos mais em mexer na questão do Ubatumirim. Porém, toda a documentação está em nosso poder. Há alguns anos estivemos na propriedade; deu pena ver tudo aquilo sem nenhum investimento, as pessoas que se apoderaram estão vivendo numa situação de miséria e não têm nenhuma perspectiva de vida. Vocês acreditam que eles continuam usando as duas casas que ainda foram construídas por nós, sem fazerem nada de melhorias?
        Antes de concluir a minha fala preciso dizer que até um estudo do potencial das águas das cachoeiras foi feito com muita dedicação pelo Jean Pierre; já tinha o projeto de energia gerada alí mesmo, tornando, certamente, uma fazenda-modelo.
        Para finalizar: assim que os meus pais souberam do acorrido, me escreveram pedindo que retornasse à França com as crianças. Eu pensei bem, refleti sobre a situação da Europa e sobre os sonhos em que eu e meu marido tanto apostamos, me alegrei da nossa ousadia e coragem que se baseava num grande amor. Além do mais, eu estava empregada, ganhando razoavelmente bem e, as crianças estavam estudando e se dando bem no Brasil. É lógico que eu pensei: se voltasse para lá teria que recomeçar tudo de novo. E eu amo este país!”

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