segunda-feira, 1 de abril de 2024

HISTÓRIA DO BRASIL


Europeus no litoral - Arquivo Hans Staden


    Os europeus, desde a invasão em 1500, se aventuraram nas terras até então ocupadas pela imensa diversidade de etnias indígenas. Logo viram que era uma enorme porção de terra este território que é o Brasil. E tinha uma potencial riqueza! Não demorou nada para este chão se encher de gente dos mais diversos países da Europa. Em Ubatuba, já no início, a extração de madeira, sobretudo pau brasil, deu início à devastação e escravização/perseguição dos indígenas. De pouco adiantou a Confederação dos Tamoios para tentar resistir aos invasores. Benedito Prezia, numa palestra a partir do seu livro Esta terra tinha dono, diz que o último grupo tupinambá acossado proveniente do litoral norte foi registrado no Vale do Paraíba, em meados do século XVIII, quando Ubatuba já abrigava até fazendas. Seo Filhinho, em Ubatuba documentário, registra o caso policial envolvendo um francês, provando que estrangeiros se apoderaram e fizeram o que quiseram. Tudo pelo lucro fácil, às custas dos pobres. Eis o fato:

  "Ainda hoje são encontrados por aqui vestígios e ruínas de fazendas instaladas nas planícies, no recôncavo das baías e enseadas, e até o aproveitamento das inúmeras ilhas que defrontam o território do Município.

   Haja vista que, em 1785, o Juiz Ordinário e de Órfãos Alferes Manoel Álvares de Moura e seu escrivão João Batista dos Santos, dirigiram-se à Ilha Comprida (localizada em frente à baía da Pecinguaba, e que se avista a cidade) e lá procederam o sequestro dos bens que ficaram por morte do francês Jean Baptiste Raton, que sua mulher Josefa Maria mandou matar e fugiu com o matador, como consta à página 109 do volume LXIII de Documentos Interessantes, editado pelo Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (Arquivo do Estado)

   Lá na ilha, aos 6 de setembro de 1785 o Juiz Álvares de Moura nomeou João Luiz de Morais, genro do malogrado francês, inventariante e depositário dos bens do espólio, ordenando que  'nomeasse, apresentasse  e declarasse todos os bens móveis e de raiz que haviam ficado, como fossem: dinheiro, ouro, prata, escravos, casas, terras, dívidas e heranças que se lhe devessem a ele'. Vê-se, portanto, que devia ser considerável a propriedade e razoável a fortuna de Jean Raton, na área confinada da Ilha Comprida". 

   Pois é. Essa história se passava ao mesmo tempo em que o povo originário daqui fora escorraçado, caçado até o Vale do Paraíba. Só que eu nunca aprendi e nem refleti coisa assim na escola. É pensando nisso, nas inúmeras injustiças, que precisamos de uma Educação que "ponha o dedo na ferida", não deixe a verdade de fora dos espaços de estudos. Abril começa hoje. Há sessenta anos acontecia o Golpe encabeçado pelos militares que durou  vinte e um anos. (Recentemente eles planejaram outro igual). Vivi na pele essa fase histórica, acompanhando algumas vezes o meu pai às reuniões para discutir problemas locais, coisas dos caiçaras. Eram poucos os que participavam devido ao medo que esse período da História do Brasil impunha. Ainda hoje são poucos mestres e mestras que têm coragem em fazer refletir a esse respeito, promover o amadurecer da democracia. Eu duvido que as ditas escolas militares ousarão, dirão a verdade, os reais interesses nesse tema. Democracia é coisa perigosa, pode alterar a ordem que aí está.

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