segunda-feira, 22 de abril de 2024

COMO VAI A EDUCAÇÂO?

      

Aurora maravilhosa - Arquivo Clóvis 

      Em tempo de responsáveis pela Educação Escolar dispensando estudiosos/pesquisadores dos temas pedagógicos, didáticos, históricos, filosóficos, matemáticos etc., para imposição de material retirado da inteligência artificial, cabe reflexão sobre o que, de fato, pretendem tais líderes. Não podemos nos esquecer: os mesmos são remunerados pelas contribuições da classe trabalhadora, pelo suor dos pobres. É o nosso trabalho que sustenta este modelo de estado, de governo.

     As máquinas, os computadores que dispõem essa dita sabedoria, começam prestando um favor: dispensar trabalhadores do setor, desde operários das gráficas até os que se debruçam nos estudos, nas teorias que fazem a diferença no rendimento escolar. Em seguida, livres das mediações de textos atualizados até mesmo no momento das aulas, certamente haverá a censura prévia, tipo “isso pode isso não pode”, com objetivo de reforçar um predomínio ideológico, de conter a autonomia do pensamento. Assim, o que os docentes e discentes receberão nas escolas também reduzirá a capacidade crítica, limitará as motivações para futuras pesquisas e estudos. No momento em que no Brasil e no mundo cresce a onda reacionária, recrudesce os movimentos políticos de extrema direita, essa opção pelo uso da inteligência artificial em vez dos livros didáticos se torna um perigo, pois estará a serviço, sendo usado por essa tendência nefasta contra os menos abastados. Quem está gostando disso são aqueles professores que se acomodam, não querem ler mais e, constantemente, perguntam: “Para que o filho do pobre precisa estudar isso?”. É isto: são docentes que servem aos interesses de quem domina os rumos da sociedade e querem apenas trabalhadores que cumpram ordens, sendo um exército de reserva de mão de obra barata que vai continuar garantindo os lucros e o domínio político de uma minoria. Tenho a certeza de que as boas escolas particulares, que atendem os mais endinheirados, não seguirão essa imposição pedagógica/didática.

      Às vezes fico imaginando a história da humanidade, de quanto nós fizemos para escapar da malha da natureza, recorrendo desde as técnicas simples até a moderna tecnologia. Quanto discursos foram criados (e continuam!) para que as mentalidades se moldassem às diversas sociedades e dessem suas contribuições à evolução geral? Sem dúvida alguma que a formação escolar, o saber acumulado pelo tempo, influenciou muito. Agora, a humanidade e o meio ambiente estão em perigo, exaustos. O ser humano dá mostras de que está regredindo, se recusando a refletir. Prova disso é o crescimento e o apoio de movimentos reacionários no mundo todo.  Situações de estrema brutalidade se recrudescem, até pessoas ditas religiosas apoiam a violência contra pobres e marginalizados e o uso de armas para sustentar perseguições/mortes aos frutos da desigualdade social; aplaudem o fim dos direitos sociais conquistados a duras penas pela classe trabalhadora; não se importam com o  extermínio de povos originários etc. Em suma: o pobre está contra ele mesmo. Parece o fim de tudo aquilo que sustentava a esperança num mundo melhor. Como deixamos isso acontecer? Pode ser que transferir a formação escolar para a responsabilidade das máquinas, da inteligência artificial, possa agravar ainda mais esse quadro tenebroso.

2 comentários:

  1. Realmente, Zé, é muito preocupante essa descabida troca de seres humanos pela IA.

    ResponderExcluir
  2. Olá, Jorge. Pois é, as coisas só pioram, né?

    ResponderExcluir