quarta-feira, 26 de agosto de 2020

TAMANDUÁ, GALHETAS E FIGUEIRA

Anotações de prosa (Arquivo JRS)


Praias e mais praias (Arquivo JRS)


                Entre meus papeis, um papel especial: as anotações da prosa com o saudoso Aristeu Quintino, da praia da Ponta Aguda, em Ubatuba.O ano? 1982.  Era final de tarde quando eu comecei a escutá-lo sobre as pessoas que moravam na região sul do município na primeira metade do século XX. “Naquele tempo não havia ninguém que era de fora. Todos eram nativos daqui, viviam da pesca e da roça. Na praia das Galhetas moravam: Raimundo Francisco Muniz, João Manoel de Oliveira, Lodônio Barasseca e João Barrasseca (cuja casa era mais para a direção da ponta da Figueira). Cada um na sua casa, mais ou menos perto uma das outras. No morro ficavam as roças de mandioca; nas grotas, onde o lugar era mais molhado, cultivavam os bananais. Eu nasci na Ilha do Tamanduá; nas três praias de lá tinha gente morando: na praia do Sul estava Antônio Correia de Mesquita. Na praia da Taquara-poca ficava a casa do Manoel Correia de Mesquita. Na praia do Fogaça, na parte de dentro, morava o Herondino Mesquita e sua esposa Hermína Quintino dos Santos”.

              Aristeu adorava pescar, contar histórias e cantar. Constantemente narrava as histórias em rimas. De vez em quando pegava seu cavaquinho para tocar músicas da gente (xiba, cana-verde, folia...). Pena que a única gravação que eu tinha dele, emprestei para um colega (Dênis) da Ilhabela que desapareceu. Era um registro inestimável!  
 
             Quando lhe perguntei a respeito dos caminhos, ele explicou: “Onde é hoje a estrada  das Galhetas, era o traçado do caminho antigo, que saía da praia e rumava para o Rio da Prata, Maranduba e Araribá. No meio desse caminho, saindo do Rio da Prata, um outro atravessava a Selinha e descia no Sertão da Caçandoca, no lado de lá do morro.  A gente andava bastante; por esses caminhos todos moravam parentes e amigos, todos caiçaras. Nossa gente. De onde tem aquelas colunas no mato [ruínas das Galhetas], o caminho vinha em direção da costeira e chegava na prainha [Galhetas], na casa do pessoal de lá. Depois subia o morro para descer na Figueira, onde moravam Manoel Raimundo Muniz, Roque Batista e Raimundo Muniz. Eram três casas na praia da Figueira”.

                  Faz diferença gente de memória boa! Valeu, Aristeu!
             

Nenhum comentário:

Postar um comentário