domingo, 15 de março de 2020

O POVO DO ALTINO (I)

Altino, Zeferino e Marcos, líderes guaranis (Arquivo JRS)
Crianças da tribo (Arquivo JRS)


                 Fui convidado para a festa de cinquenta anos do povo do Altino. Todos foram convidados por esse povo guarani, uma das nossas raízes caiçaras! Eu fui!

                 Bem cedo, quando o Sol espiava por cima da Ilha do Prumirim, a partir da BR 101, fui subindo o morro em direção à Tekoá Jaeexaa Porã, a aldeia Boa Vista, me recordando de quando esse valente cacique chegou junto com a abertura da estrada, contratado para derrubar árvores no traçado. Nas noites de sábados, lá estava ele e mais dois ou três na Praça da Matriz, vendendo seus artesanatos. “Índios, meu Deus!” Uns desprezavam, muitos olhavam com curiosidade, outros paravam para conversar e comprar alguma lembrança. Altino, jovem ainda, mantinha a sua altivez, zelava pelo seu grupo. Vinham de outra aldeia, do Sul de São Sebastião, continuavam a diáspora dos guaranis, ocupavam as bordas do litoral.

                Conforme fui subindo, me recordei da primeira vez que enfrentei a estrada para visitar o povo do Altino. Era o ano de 1981. É, já faz um tempinho! Voltando ao hoje, logo avistei a escola e alguns carros. Desci a trilha em direção à aldeia. Eu era o primeiro, lógico! Assim que passei a ponte, o Erick veio me saudar. No trajeto para o refeitório, acima da Casa de Reza, ele me contou de como foi o dia anterior. No local onde serviam o café da manhã, avistei Marcos Tupã, o filho do cacique. “Há quanto tempo!”. Ao seu lado me sentei, sendo logo servido. Uma equipe de homens, mulheres e crianças se viravam no trabalho, nos atendiam com muita satisfação. “Nossa, Marcos! Quanta gente!”. A maioria naquele momento era crianças e jovens. “É, pois é! Agora, Zé, somando os daqui e os de Itamambuca, já somos trezentos!”.  O povo do Altino cresceu bastante. “Que benção! Em 1981, vocês não passavam de dez pessoas!”. E a cada instante nós parávamos a prosa para cumprimentar os que adentravam. Era um entra e sai intenso. A cachorrada também precisava ser enxotada sempre. “Hoje tem mais gente ainda! Os parentes da aldeia de Bracuí vieram celebrar conosco. Ontem eles se apresentaram. Hoje é a nossa vez. Logo mais começa a apresentação do nosso coral”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário