quinta-feira, 5 de julho de 2018

PELA LENTE DO AMOR

Fotografia Exposição Rio de Janeiro


               De vez em quando uma pérola quase que passa sem ser percebida. Assim foi com o texto Pela lente do amor, escrito por Simonetta Persichetti, na revista ARTE!Brasileiros, de outubro de 2015. O assunto é Cláudia Andujar,     já apresentada por mim em A menina Nini (em 07/10/2016, e nas duas postagens posteriores a esta data), mas... saber mais nunca é demais, não é mesmo?

               Cláudia Andujar nasceu na Suiça em 1931, cresceu entre a Romênia e a Hungria. Depois, fugindo do nazismo foi para em Nova York, onde se interessou pela pintura. Em 1955, decidiu transferir-se para o Brasil para encontrar a mãe e daí fixar residência e descobrir a fotografia. “A câmera fotográfica foi para mim a forma de conhecer e me aproximar das pessoas no Brasil. Eu não falava português, e a fotografia me ajudou muito”.

               Na mostra Cláudia Andujar: No lugar do Outro, ocorrida em 2015, no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro, resultado de uma pesquisa em seu acervo, com quase dez mil fotografias, há uma divisão em quatro núcleos. O que interessa para nós, caiçaras de Ubatuba, é a fase entre 1962 e 1964, onde a fotógrafa registrou o cotidiano de quatro famílias de contextos muito distintos: uma baiana, dona de uma próspera fazenda de cacau; uma da classe média paulista; uma de pescadores caiçaras, isoladas em uma praia de Ubatuba (SP); e uma quarta família, mineira e religiosa. A intenção era entender como viviam os brasileiros, almejando publicar o trabalho em uma revista, mas o perfil diverso do conjunto não interessou à publicação.
              
Menina de Ubatuba - Imagem: Cláudia Andujar.
            Foi a arte que me despertou para esta minha tarefa. A partir da sensibilidade de uma estrangeira que passava com uma câmara fotográfica pelo mesmo caminho onde se encontrava a Nini, a imagem ficou registrada, foi para outras partes do mundo e despertou a atenção de um pesquisador. E, graças à sensibilidade da amiga Mary, ela chegou até as minhas mãos.

               Nini, onde estás? No Study Collection (coleção de estudo), “um acervo destinado a trabalhos de pesquisas, mas não necessariamente para exposição”. Tinhas sido vendida entre 1962 e 1966. Lá, no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York, estavas perdida. Dentre tantas coisas, te esqueceram. Museu é assim mesmo, né? Até a fotógrafa, de acordo com o jornal, falou: “Não me lembro bem”. Ainda bem que nós nunca te esquecemos!

               Olha só como essa caiçarinha, filha da tia Thereza Lopes, viajou! Valeu, né Nini?



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