quarta-feira, 1 de julho de 2015

ONDE ME PINCHEI

Paisagem do belvedere do Félix (Arquivo JRS)
               O blog te acolhe, André Cavaco!

            Um colega mineiro, aparentemente já despreocupado com as necessidades mais primárias (tem casas, emprego fixo, carro etc.), me encontrou caminhando no lagamar numa bela manhã de sábado. Começou a andar junto. Fiz uns comentários da maré alta, do sol despontando por sobre a ilha mais próxima, das conchas, dos pescadores em suas canoas... Logo eu reparei que ele nem tava aí para a minha falação, parecendo procurar alguma coisa pela areia, querendo coisa de valor diferente daquilo que eu tenho como grande  valor. De repente, fez um comentário: “Você já imaginou se eu acho uma garrafa com rolha, cheia de notas verdes de dólares?”. Mais adiante, percebendo um frasco vazio e um maço de cigarros largado por ali na noite anterior, eis o comentário dele: “Será que não tem ao menos dez reais naquele maço”. E foi mesmo mexer na embalagem para verificar essa possibilidade! Saquei. “O miserável é esfomeado por dinheiro”.  É possível? É possível! Aí me recordei de uma passagem ocorrida com o saudoso Eugênio Inocêncio há muito tempo. É que ele se encontrava num contexto de personalidade bem parecido com esse que agora narro: “O danado era mão de vaca, Zezinho. Era mão fechada, unha de fome, pão duro... Gente assim também é chamado de migalheiro, olho grande, avarento, pão-duro, esganado e outros nomes feios.  O tal dizia que os moradores do lugar, a nossa gente, eram preguiçosos porque não se esforçavam para trabalhar bastante e ganhar mais dinheiro". “E aí, Eugênio? O que você fez?”. “Eu, se valendo dos peraus do porto do Eixo, me pinchei na água e atravessei a bal até o Ilhote do Pontal. É ruim de eu ficar dando pano pra gente assim, hein!?!”. 
       Boa saída, né? E eu, onde me pinchei? Em lugar nenhum! Tive de aturar mais um “sem noção”.

Um comentário:

  1. Demais!!!!
    Alegrou o meu dia aqui na 'Selva de Pedra'!!!!
    E os 'danados' não percebiam que o maior achado e a maior riqueza estava a sua volta!
    Abração!

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