sábado, 18 de julho de 2015

É TRISTE UMA CIDADE SEM MEMÓRIA


Temos outras belezas além da natureza. (arquivo JRS)
                       O nosso amigo Jean Luc está recebendo os parentes da França. Que legal poder acolhê-los e contar um pouco da nossa história! Sejam bem-vindos!

              No centro da cidade de Ubatuba tem uma rua por nome de Maria Vitória Jean. De acordo com os registros de Washington de Oliveira, “Maria Victor Camilo Jean, mais conhecida por Maria Vitó, era filha de um daqueles franceses que em meados do século passado [1801-1900] vieram para o Brasil e acabaram radicando-se em Ubatuba”.
              Ao visitar a Casa da Jundiaquara, onde um desses franceses chegou  na primeira metade do século XIX, lembrei-me que alguém me disse o seguinte: “A Maria Vitória era descendente de Camille Jean, o fazendeiro francês da Jundiaquara. Foi quem construiu o primeiro casarão, depois  de aplainar uma parte do morro. Era um casarão muito bonito, onde acolhia sempre os visitantes franceses. O cônsul da Bélgica, em uma passagem por aqui, ficou hospedado lá. Também o famoso Debret, que fazia parte da Missão Cultural de D.João VI, foi acolhido ali. Da visão que se tinha do alto, ele fez algumas gravuras da nossa região, da natureza”.
                Dizem os historiadores que, além do fato da independência do Haiti, que expulsou os senhores franceses para outras terras, também ocorreu a guerra que envolveu a França contra a Prússia forçando os mais destemidos a buscarem outras paragens. Os franceses que chegaram a Ubatuba entre 1820 e 1850 foram dessa leva. Eram capitalistas buscando refúgio nas terras das Américas. No mesmo autor citado no início deste texto, encontramos: “Os que chegaram em Ubatuba adquiriram grandes extensões de terras e dedicaram-se à lavoura, muito especialmente na cultura do café”.

                Resumindo: as ruínas que visitei com os amigos são de época recente, construção do Holanda Maia, por volta de 1950, sobre os alicerces da primeira fazenda (de Camille Jean). O nome Jundiaquara deriva da língua dos antigos moradores, dos índios tupinambás. É a Toca do Bagre (jundiá). Trata-se de uma enorme pedra mais para o interior, quase no Sertão da Sesmaria, onde passava o rio. Com essa denominação podemos deduzir que o local era cobiçado pelos pescadores de outros tempos. Agora, como comprovamos numa visitação, tudo é mato cobiçado para grilagem de terra, para devastação total.

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