sábado, 7 de fevereiro de 2015

EM TEMPO DE CHUVA

Muro da escola "Deolindo" - Projeto da Soninha (Arquivo JRS)

                  Olá, Fabíola Moraes! Seja bem-vinda!

               Hoje em dia, após um ou dois dias de chuva, é comum escutar um monte de gente maldizendo: “Só chove nesta terra”, “Porcaria de tempo”, “Quando a gente pensa em aproveitar o tempo, vem essa chuva chata” etc.
               Quando eu era criança, há meio século, nesta minha terra (Ubatuba) chovia demais. Alguns diziam que esta cidade ocupava o segundo lugar nos índices pluviométricos deste país. Somente era superado pelo município de São Gabriel da Cachoeira, na região amazônica. Ou seja, só este lugar superava a nossa cidade caiçara.
               Ainda lembro bem de um ano (1975), onde a gente desanimou de ver tanta chuva a nos dificultar nas visitas aos parentes, de brincar com outras crianças e de ver as novidades nas casas dos outros e no centro da cidade. Bem mais tarde, em 1997, visitando o Dito Chiéus, o responsável pelos três registros meteorológicos diários na Estação Experimental do Horto Florestal, tive a oportunidade de comprovar o desânimo daquele ano distante. “Dito, por favor, é possível consultar os registros de outros anos?”. “É sim, Zé, Qual você quer?”. Ao dizer o ano, logo ele me aparece com um caderno de registros amarelado. “Meu Deus!”.
               Lá estava a prova: em 1975 houve registro de precipitação de chuva em trezentos dias. É mole? Quer dizer que em apenas sessenta e cinco dias não veio água do céu. Então tinha fundamento a cidade ser apelidada  de Ubachuva! Hoje não é mais assim.

               Como consequência desse sistema chuvoso, em respeito à força das águas, as margens dos rios eram respeitadas. Também as várzeas, transbordantes nas enchentes, ficavam intocadas. Não se ouvia falar de gente desalojada devido aos fortes temporais. O que vemos hoje são as ocupações dos espaços pertencentes aos rios e que se construíram pelos milênios. Também vemos os morros ganhando outras feições. É preocupante esse quadro! O que será dessa cidade, da cultura que aqui se gerou se valendo dos recursos naturais?

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