domingo, 27 de novembro de 2011

Taboal

(Flor de caxeta flutuando num taboal do bairro Estufa)
                Não era possível, há coisa de quarenta anos, neste chão de Ubatuba, imaginar um considerável espaço sem nenhum taboal.
                Taboa é uma planta do brejo, juntamente com o junco, caxetas e outras mais. É a matéria-prima para confecção de esteiras, tapetes e outros artefatos corriqueiros das famílias caiçaras.
                Também era nos taboais que os caiçaras pescavam traíras, acarás, lambaris, cágados, enguias e outros seres da nossa culinária. E quem, naquele tempo, não caçava marrecos e patos selvagens entre juncos e taboas?
                Ah! Também tinha sanguessuga!
                E orquídeas nos pés de caxetas que abundavam as áreas alagadas!? Era demais!
                Depois, sobretudo a partir de 1970, veio o turismo furioso e forçou os aterramentos dessas nobres áreas. Sobre esses antigos espaços hoje estão plantados prédios, ruas, praças etc. Só as lembranças continuam.
                De vez em quando enxergo as “ilhas” que ainda não foram engolidas pelos loteamentos. São mostras de um espaço, de um ecossistema que parece estar com os dias contados.
                 Eu, moleque ainda, fui companheiro do vô Estevan no corte de taboa para fazer as esteiras que usávamos para acalento de nossos corpos. Dele aprendi um pouco da arte na palha. Da vó Martinha aprendi a apurar a vista em busca de lindas orquídeas. Tudo isso graças ao ambiente preservado que tínhamos recebido como herança. Agora, o que vamos deixando para as próximas gerações?

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