quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Vida de ensino (II)

(Trindadeiros - 30 anos depois)
                Conforme eu já escrevi noutra ocasião, na minha infância os professores faziam um esforço maior para nos ensinar: muitos vinham de outras cidades, moravam nas pobres condições que tínhamos, tinham que improvisar os espaços e materiais etc. Porém, creio que o mais difícil era conquistar a molecada para ficar atento o período todo. Afinal, o mato e o mar nos cercavam e nos chamavam para aventuras incríveis. Recorrendo ao meu próprio exemplo: no primeiro ano, somente até o horário do recreio a escola me retinha; depois disso a tentação de brincar era maior e acabava vencendo: a natureza vencia a cartilha Caminho Suave e as aulas da professora Lúcia.
                A escola, no meu caso era perto, mas tinha gente que andava muito para estudar. Esse era -também!- um bom motivo para "deixar a escola". O meu primo Anginho, só para ilustrar, morava num alto de morro medonho e longe. Quase sempre faltava, sobretudo em dias chuvosos quando os escorregões eram inevitáveis.
                Apesar das adversidades, por muita insistência dos professores, nós fomos alfabetizados e aqui estamos para contar à posteridade o quanto valeu a existência da escola e dos conhecimentos básicos para alavancar outros sonhos de tantos caiçaras.
                Passou muita coisa... As condições são outras... Ficaram os professores com a mesma tarefa: educar para a evolução da cidadania!

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