sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

MUITA GENTE NÃO NOTA AS CONCHINHAS


Tatu rente à amendoeira - Imagem: Maria Eugênia

     Depois de uma caminhada para sentir o  mundo logo cedo, fui ler uma mensagem da amiga Regina, uma companheira em constante inspiração. A respeito dos meus derradeiros escritos, ela retribuiu:

      Oiê. Boa tarde meu querido amigo. Você, como ninguém, sabe em meio ao seus sentimentos demostrar tamanha sensibilidade pelas coisas, pessoas, plantas... Enfim tudo que passa por você. E aí vai assim semeando boas sementes, deixando suas pegadas como as pegadas na areia, deixando seu perfume por onde quer que você passe como o perfume do "manacá de cheiro", uma de minhas paixões. Não sei aos outros, mas a mim me encanta, me sacode, me faz pensar e à vezes até me faz chorar com tudo o que observa  e em seguida coloca em palavras,   escrevendo e nos mostrando tamanha importância de quase tudo aquilo que te chama atenção.

    Primeiro, você presenteou uma pessoa com várias mudas de orquídea foi isso mesmo? Uma pessoa que havia lhe pedido apenas uma muda...e no final o presenteado foi você né? Como bem disse, com os " galhos delicados da orquídea". Quanta riqueza! Bom, eu também diria que nos dias de hoje o nosso Senhor  seria presenteado pelos Reis Magos  com inúmeras espécies de plantas, isso olhando pelo lado da beleza, da natureza, da bondade, ...que é o que nos encanta e nos sensibiliza grandemente....

    Já no outro caso certamente, o Cristo já teria sido linchado, morto,  por aqueles (as ) pessoas que estão completamente doentes, cegas surdas, mas não mudas.  Diria que elas estão sem qualquer sentimento que as façam crer que estão agindo de forma erradas que estão se auto destruindo...mas o que é pior,  é saber que tudo isso nos afeta grandemente, nos entristece  causando  sentimentos negativos, de tristeza e indignação ...

   Ah Zé, nem sei o que te dizer... Apenas que continue a escrever e escrever nos presenteando com suas belas palavras, seus belos contos, nos informando, formando e  até fortalecendo em nós o espírito crítico, de inquietação,  indignação por tudo  o que está acontecendo e que infelizmente parece que não vai parar por aqui.

    Muito rico tudo o que nos disse. Acho que dizer parabéns é até pouco. Então vou lhe dizer! Gratidão por ser esse grande amigo. Aproveito para lhe desejar um 2023 cheio de esperanças apesar de tudo o que está acontecendo e o que está por vir.

    Não é uma satisfação mensagens desse teor pelo prazer que sinto em escrever e presentear as pessoas com os meus sentimentos, as minhas observações, as minhas raízes?

   Ontem minha querida filha deu um dia de trabalho voluntário na Ilha Anchieta, numa atividade de monitoria na exposição dos artistas de Ubatuba. Eu a acompanhei até o embarque na praia do Saco da Ribeira. Lembrei-me de um texto do mestre Rubem Alves e lhe recomendei: “Aproveita bem, querida. Escreva a experiência que irá viver neste dia. Muita gente não nota as conchinhas se alguém não chamar a atenção sobre elas”. 

   Eu presto sempre muita atenção nas conchinhas que vão se apresentando pelos caminhos, nas minhas andanças e na labuta dessas décadas. O citado mestre grafou: “A alma é um grande mar que vai depositando conchinhas no pensamento. É preciso guardá-las [...] O que torna a conchinha importante não é o seu tamanho, mas o fato de que alguém a cata na areia e mostra para quem não a viu”. E concluiu: “Literatura é mostrar conchinhas”. Que lindo, né?

(Em tempo: a conchinha pode até ser um tatu, ali, na beira do mar, todo faceiro em pleno dia. Sinal que se sente seguro nesse espaço).

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