quarta-feira, 29 de abril de 2020

NÃO É PARA VOCÊ!


Vai, enfrenta o mar, amiga! (Arquivo JRS)

Homens e bichos (Arquivo JRS)


                Dias atrás, escutando o valoroso Miguel Nicolelis (Nicolelis Night News), fiquei sabendo o quanto foi importante a sua vó materna na sua formação. Quantos têm uma vó assim!?! “Eu tinha todo um quintal, bichos, livros, televisão...Eu era o rei da casa! Em tudo a minha vó Lygia me apoiava e incentivava, inclusive na decisão de ser cientista após terminar o curso de medicina”. Assim, nós temos este grande cientista, capaz de contar boas histórias, tal como a sua mãe Giselda Laporta Nicolelis. Vale a pena conferir!

                Comecei dessa maneira porque no meu mundo, assim como no seu, quantas vezes não escutamos frases deste teor (“Não é para você!”)? Geralmente quem diz coisa assim está na defensiva (porque teme concorrência, tem “culpa no cartório”, acha que pode continuar se aproveitando dos outros, quer se redimir desmerecendo o outro etc.). Na sociedade, desde a família até o governante, é emblemática essa frase.

Não é para você porque é para poucos, os escolhidos? Ou por que, tendo isso você pode se destacar muito, ganhar mais autonomia? Será ainda porque, suas ações, tanto pretéritas quanto ainda hoje, são contraditórias aos princípios  de justiça, de bondade? E se, na verdade, a pessoa que dar um golpe maior, bem mais baixo do que o anterior, deixando outros a só ver as ondas na praia? Ah! Quantas possibilidades ainda são possíveis para quem afirma tal frase?!?

                Minha vó Eugênia nunca deixou de ser uma testemunha de respeitar, de acolher as pessoas e de ouvir as suas opiniões. Nunca fui capaz de imaginá-la dizendo “não é para você”. Na sua simplicidade, ela se abaixava para nos escutar e para contar histórias. Na sua confiança, ela nos levava ao trabalho ao redor da casa, na costeira e na roça. E como incentivo, nos deixava fazer aquilo que estava fazendo. Assim aprendemos a colher café, secar, pilar para destacar a casca, torrar e moer; escolher as palhas para as tranças de chapéu; cuidar da criação (galinha, porco...); consertar (limpar) peixe no rio etc. etc. Meus pais também, vendo a teimosia em mim, deixavam margens para iniciativas. “Então tenta, vai! Faz do seu jeito!”.

                A vovó, bem diferente da vó do Nicolelis (do centro da capital paulista) que até tocava piano, adotava os mesmos princípios: incentivar os pequenos, escutar os mais novos. Hoje, se consigo ser ainda desafiado a melhorar o meu ser e o mundo, reconheço que devo me espelhar em exemplos que seguem, em seus devidos papeis, os princípios da minha vovó de nos valorizar, de nos estimular. Gente assim, tal como o Nicolelis, jamais dirá: “Não é para você!”. Obrigado, doutor, pelo bom exemplo!

5 comentários:

  1. Quando estava cursando o Ensino Fundamental há 25 anos atrás (1995) todo bimestre a Professora de Língua Portuguesa indicava um livro para comprarmos e lermos pois uma das atividades avaliativas era a "Prova do Livro". E um dos livros que li na minha 4ª Série (Atualmente denominado 5°Ano) foi o "De Volta à Vida". Nunca me esqueci dessa leitura fantástica. Um retrato da realidade. Por ter 10 anos de idade na época fiquei bem impressionado (O livro trata de Alcoolismo) com a história contada. Obrigado "Giselda Laporta Nicolelis" por ter contribuído para meu crescimento como pessoa.

    José Ronaldo, Parabéns pelos ótimos textos!.
    Todos os dias dou uma olhadinha aqui no seu Blog para ver se tem texto novo.
    Valeu!!!

    Att - Nelson

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