segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

ROSAS NO NATAL

Espírito de Natal (Arte: Estevan)


               Logo vem a aurora de um novo dia. Estou a pensar nos meus, na nossa vida, nos afazeres que me aguardam. Também penso nos amigos que compartilharam das alegrias e dos questionamentos que passei (e que vou passando!). Natal é nascimento para o bem. Natal é todo dia que a gente se compromete em escapar da idiotice, da estupidez. Natal é todo dia que temos de enfrentar absurdos a direcionar para o individualismo, para atitudes contra os mais desfavorecidos. Natal é recusar discursos a favor dos opressores. Pobres miseráveis!        Natal é natal: eu nasci para isso!

               Natal, comemorado como nascimento de Cristo, primeiramente era grande festa em honra ao Sol, a coisa mais divina notada pelos antigos. A vida só é possível porque este existe. Ao predominar o cristianismo, os rituais pagãos foram corrompidos. A corrupção de valores originais é o recurso de quem deseja oprimir. Não foi assim, empregando tal técnica, que neste ano assistimos a um show de insanidades a favor de um candidato racista, anti-intelectual, defendendo a homofobia etc.? É um natal de absurdos, onde o ódio, do verbo odiar, se fez carne.

                 O meu natal é a minha existência!

               O natal de Cristo, conforme está descrito teologicamente, é para os mais desfavorecidos! Por isso é Natal! Então, o que justifica tanta gente adotar a posição do opressor, o discurso de quem quer sapatear em cima dos desfavorecidos? É, gente! Literalmente se atiraram no abismo! Conforme já disse alguém, “tarefa árdua será escavar de colherinha para achar um caminho de volta”.
               Enfim, o meu natal é o Natal, testemunhado por pobres pastores, numa humilde gruta. Por isso escolhi a poesia  da Juraci Faria como pequena dose contra o perfeito pesadelo do nosso país.

GRANDES ROSAS

A pequenina casa
de meio lote e tijolos baianos
sem reboco e sem pintura
estampa sua riqueza na porta da rua:
uma roseira.

As rosas desgalham-se
sobre o muro
sobre o telhado de amianto
sobre a mansidão
de quem se senta à porta
e sorri para o entardecer.

Na casa pequenina
só desabrocham grandes rosas.
Na casa pequenina
só habitam grandes almas.
Na casa pequenina
só cabe a riqueza divina.

É isto: viva um Bom Natal!

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