sábado, 15 de dezembro de 2018

CADÊ ESSA PASSARINHADA?


            
Arte na Mococa (Arquivo JRS)

         Hoje, devido às exigências impostas pelo consumismo, deixamos de apreciar muitas coisas, desde plantinhas mimosas até enormes e frondosas timbuíbas, desde pequenas abelhas do mato até as majestosas mamangavas. Ei, para aí!  Quem conhece mamangava?

               Mamangava é um inseto, uma abelha. É grande, tem das amarelas, das pretas, das riscadas e deve ter mais outras variedades. Geralmente essa abelha mora em toco de pau, em madeira que está apodrecendo. Tem também aquelas que constroem seus ninhos no chão. As mamangavas dos tocos não são numerosas, geralmente são mansas. Também produzem mel, mas dizem que não é tão bom assim. Todas picam e dói demais. Mas por que eu entrei nisso, neste papo de mamangava? Ah! Foi porque o tio Neco, tempos atrás assim me explicou:

               “Quando eu era criança, lá no Sapê, tinha uns passarinhos, do tamanho de uma mamangava, como um tifelinho (cuitelo), que andava em grandes bandos. O nome deles era borrão. Tinha preto, marrom... No meio deles, do mesmo tamanho, tinha uma variedade rajadinha que a gente chamava de oncinha. Eles sempre apareciam em volta da casa, na beira do rio. Faz muito tempo que eu não vejo mais esses passarinhos. Será que não existem mais?”.

               É, titio, pode ser mesmo. Será que morreram porque nas plantações passaram a usar veneno? Ou tem alguma coisa a ver com a água? Lembra-se de que, até bem pouco tempo, a SUCEN (órgão estatal responsável de controlar os borrachudos) envenenava os nossos rios? A água ficava até leitosa, com uma infinidade de peixes morrendo, com camarões e lagostas fugindo da água. Pode ser também porque os loteamentos foram tomando os espaços vitais de muitas espécies de seres do nosso litoral. Que pena! Quantos seres podem ter se acabado de vez! Quem sabe não foi assim que perdemos o borrão e a oncinha!?!
               
                Agora, depois de uma outra prosa com o titio, ele apresentou a boa notícia:

               “O Dito me disse que lá no Sertão do Ingá ainda tem borrão e oncinha. O que não tem, segundo ele, é a maria benedita, aquele passarinho do tamanho de uma corruíra que vivia entre o capim melado procurando grilos e gafanhotos. Essa não tem mesmo!”.

               Assim, estimados observadores de pássaros, corram até o Sertão do Ingá se quiserem conhecer essas e outras espécies. Chegando lá, pergunte pelo Toninho Nicodemos e seu irmão Mané. Gente boa demais! Gente nossa!

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