segunda-feira, 17 de outubro de 2016

FEIRA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - RELATOS (VIII) O MUNDO EM QUE VIVO - Ortênsia Quintino dos Santos

 
Odócia e as filhas Lílian (no colo)  e Ortênsia (Arquivo Ponta Aguda)
A minha estimada Ortênsia, filha dos saudosos Aristeu e Odócia, sempre foi empolgada pelos avanços dos seus alunos. Agora, enfrentando outras lutas, eu só posso dizer o quanto me orgulho dessa mulher valorosa, dessa caiçara de prosas, cantos e histórias. Vinte e três anos se passaram desde a “Feira” ocorrida na escola “Deolindo”, em Ubatuba. Seus alunos, tal como suas significativas lições, a tornarão imortal. Neste rumo deve seguir o nosso idealismo. Grande abraço. Até. 

Diariamente nos deparamos com depredações e “desacatos” à natureza. Tanta maldade que, apesar de já estarmos acostumados com o que vemos nosso coração não está totalmente preparado para tanta violência. Baseado nesses acontecimentos tristes, assim como tantos outros, eu resolvi por em prática algumas das coisas que aprendi sobre o Meio Ambiente, no curso de Educação Ambiental ministrado pela Fundação Vivendo a Terra.

Na escola em que leciono (EMEI Estrela D’Alva, em Caraguatatuba) é que coloco em prática, pois acho que são com os pequenos que conseguiremos um bom futuro. Já que alguns adultos ou já se esqueceram do que aprenderam ou não se preocupam em transmitir. Mas que na verdade é para eles também muito mais do que importante.
A cada dia procuro fazer com que meus alunos encontrem nas ruas, praias etc., elementos que são prejudiciais à natureza. E o que consigo perceber é que, a cada palito de sorvete ou papel de bala que eles encontram,  sentem como se um crime estivesse acontecendo. Eles reclamam que na praia há muita sujeira e poucos latões de lixo. Apesar da pouca idade, eles já são bem conscientes, me deixando admirada com suas perguntas e respostas.
Numa aula sobre o Meio Ambiente, perguntei a um aluno qual sua maior preocupação, se era com ele ou com os alunos (em relação à conservação da natureza). Respondeu-me que ele se preocupava com ele e com os adultos: “eu sou consciente apesar da pouca idade, mas os adultos, mesmo parecendo conscientes, continuam fazendo as mesmas maldades”.

Eles reclamam sobre os animais que vão à praia, dos papeis de sorvetes jogados na areia, da água que não é limpa. Eu comecei a verificar que à medida que os dias passavam eles se preocupavam mais e mais. Eles me falavam a cada queimada e derrubada de mata que viam (mesmo sendo em algum comentário na televisão), dos animais em extinção etc. Alguns alunos me pediam para fazermos as experiências que viam em programas de televisão para verificação da qualidade da água. Realizamos a proposta; ficou ótima! Eles ficaram tão interessados que até planejaram outras amostras.

Na Semana do Trânsito trabalhei com cores, sinalização. Ao invés de colar gravuras nas paredes, fiz atividades extraclasse, com dramatização e expliquei-lhes o quanto a fumaça  dos carros é prejudicial à natureza em geral. Quando voltamos à sala de aula, eles produziram gravuras e fixaram na parede a respeito do que haviam aprendido.
Para finaliza todo o trabalho, eles fizeram uma “maquete” com casas, uma floresta e animais de um lado e de outro. Fizeram prédios, carros e árvores, e, curiosamente, usaram a cor marrom. Justificaram o uso desta cor como sendo uma forma de exemplificar a ação de poluentes e outras agressões bastante comuns no meio urbano.
Ensinei-lhes como fazer porta joias com palitos de sorvete, aproveitando para trabalhar um pouco o tema lixo, reciclagem, utilidade da madeira, explicando-lhes a importância do reflorestamento. Meu objetivo durante todo o ano letivo foi trabalhar um pouco sobre algumas agressões à natureza e usar a temática ambiental em todas as atividades. Espero que num futuro próximo eles consigam realizar o que para nós é um sonho: “Mantermos vivo o ideal de ajudar na preservação da natureza”.


Observação final: todas as atividades foram desenvolvidas dentro do construtivismo, sempre respeitando a opinião dos alunos. Através do respeito pela criança é que temos a certeza de formarmos homens críticos, conscientes e politizados.

2 comentários:

  1. Lendo esta postagem, pude me reportar ao passado e ao tempo. Hoje aposentada posso dizer que realizei meu sonho,e um sonho posto em prática e compartilhado não é somente um sonho.
    Vejo resultados até hoje.
    Obrigada José Ronaldo por postar essa lembraça.
    Grande abraço.

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