sábado, 16 de janeiro de 2016

AS RUÍNAS


             O tempo passa, mas muitas obras ou seus vestígios ficam. Mesmo estando em ruínas, elas constituem nosso patrimônio cultural e têm um potencial turístico que a maioria dos ubatubenses sequer consegue imaginar.  Nesta semana, apreciando a fotografia do estimado Donizete Campos, eu resolvi escrever a respeito do local onde ele parece, ou seja, de braços abertos na lateral das ruínas da Fazenda Lagoinha.
Donizete em acolhida (Arquivo Donizete)
  
                De acordo com o Seo Filhinho, a respeito da citada fazenda, “cujos escombros ainda existem, os deturpadores da História dizem ter pertencido a um mosteiro. Aquelas ruínas, na realidade, provem da fazenda do Capitão Romualdo, homem bastante abastado e empreendedor, que além de possuir vasta cultura de café e cana de açúcar, fazia funcionar seus engenhos, com o que fabricava aguardente e açúcar mascavo, produtos que embarcava para o estrangeiro. Com seu espírito progressista, planejou exportar a aguardente devidamente embalada, necessitando, porém, de vasilhame apropriado. Foi quando deu início à construção de uma fábrica de garrafas, nas proximidades da praia, que não conseguiu concluir, e cujos pilares ainda permanecem de pé, eretos, atestando o espírito progressista e empreendedor dos antigos homens ubatubenses. Não foi feliz, porém, Capitão Romualdo. Sua esposa, D. Mariana, enlouqueceu, dissipou e fez dissipar-se toda a fortuna de seu marido. Nos seus devaneios, a que foi levada por ciúme mórbido, escorraçava os escravos de seus misteres, paralisando as atividades da fazendo por prolongado tempo, justamente nos momentos mais precisos; inutilizava as colheitas nas tulhas abarrotadas; incendiava canaviais inteiros e fugiu muitas vezes, levando e esbanjando, tanto quanto possível, vultosos valores do marido. Certa vez, emissários que a procuravam, depois de uma larga ausência, foram encontrá-la arrasada, faminta, maltrapilha, em Angra dos Reis, para onde havia caminhado a pé, enfrentando as agruras daquele tempo”.

                Os antigos caiçaras atestavam que, devido a uns sacrilégios (atos torpes de “crentes” que foram no começo do século XX até as ruínas, quebraram e queimaram a imagem do santo padroeiro), algumas pessoas ilustres foram amaldiçoadas e terminaram seus dias em terríveis pestes e doenças. Desde essa época, o nosso povo simples até evita pisar naquele terreno. Mas eu recomendo: se espelhe no Donizete e em outros tantos, faça uma visita e exija das pessoas que recebem provimentos por pertencerem à “área cultural” do município mais empenho em dar o valor que nossos patrimônios merecem. 

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