segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Centenário da recordação


Fotos: Thales Stadler e outros
                Em 2004, escutando o pescador de Caraguatatuba, o seo Leopoldo Louzada, por ocasião de seu centésimo aniversário, pude refletir um pouco mais sobre a pesca artesanal, o patrimônio imaterial dos caiçaras. Também aprendi um pouco mais sobre a Praia do Canto do Camaroeiro e adjacências. Agradeço ao amigo João pela oportunidade que tive.
                O nosso patrimônio imaterial envolve o rancho no jundu, os apetrechos de pesca, a canoa, as festividades e tudo mais que preenchem  momentos do homem do mar. Entendemos melhor isso quando ouvimos a caiçarada, sobretudo aqueles que viveram toda uma vida na faina do mar.
                Falando da sua infância, o velho pescador explicou a origem do nome do local onde hoje acontece a Festa do Camarão a cada ano. Recordou que naquele canto da praia sempre teve camarão em fartura, encalhava com a maré. Na vinda das ondas, era possível encher as mãos, recolher em balaios e depois sair para pescar. Era quando muitos diziam: “Óh quanto camarão! Que camaroeiro!”. Ficou  sendo o Canto do Camaroeiro.
                "Peixe, após apoitar a embarcação um pouco mais da arrebentação, era demais: dava embetara, corovina, roncador, pescada..."
                Um lugar impressionante era o Tanque da Prainha, onde as pessoas iam buscar água para beber. Dele vem a lenda da moça da pedra, que impressionava  as pessoas que lá se serviam, pois aparecia da água e na água desaparecia.
                Encerrando a conversa, assim expressou o pescador:
                “Agora eu não conheço mais a minha Caraguá! Só espero que o povo sempre continue fazendo as suas festinhas (...) Eles não conhecem a vida passada; então que façam festa com a vida de hoje”.

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