segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Assombrado



Tio Antônio estava casado havia pouco tempo com a tia Conceição quando isso aconteceu. Em uma noite escura como tantas, deixou sua casa no Sertão da Quina para   pescar ( passar picaré na praia). Afinal, era tempo de tainha! Na volta, já de madrugada, parou numa moitinha na beira da estrada por motivo óbvio. De onde estava agachado viu passando uma luz que julgou ser o Zeca Pedro com sua lanterna. Então gritou: “Espere por mim, Zeca Pedro, que eu te acompanho!”. No mesmo instante a luz parou e Tio Antônio, ao se aproximar um pouco, viu que não era o seu conhecido e sim uma luz esbranquiçada e informe que se transformou num vulto alto como um coqueiro que, parada, lhe impedia a passagem assustadoramente.
Tentando esconder o medo e manter a tranquilidade, e sem entender nada daquilo, disse num tom desafiador: “Se não me deixa passar não tem problema, conheço outro caminho”. E assim se foi, pegando um desvio, até que viu a luz aparecer novamente à sua frente. O que aconteceu desse momento em diante tio Antônio não soube explicar, julgava que havia perdido os sentidos pois não se lembrava de nada mais. Somente no dia seguinte foi que acordou na casa do velho João Firmino, no Sapê, distante do ocorrido mais ou menos um quilômetro.
Segundo o João Firmino, tio Antônio bateu em sua porta desesperado, gritando pela esposa, Conceição. Ao abrir a porta o velho percebeu que ele estava “assombrado”, então apagou a luz da lamparina (pois era assim que se agia quando alguém estava assombrado) e o colocou para dormir.
Desse modo o tio Antônio testemunhava a existência de assombrações.

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