quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A PRAIA DO TITIO

     
Na Caçandoca, em 12 de outubro de 2015: Tio Toninho, descendente do Zé Lourenço, da Ilha do Mar Virado (Foto: Ostinho)
   
        Olá, Zé Muniz! Bem-vindo ao blog!

      
        “Depois do rio do Inhame, moravam bem perto um do outro: Manoel Lourenço Garcêz (filho do Zé Lourenço, da ilha do Mar Virado), o Benedito Araújo (pai do Constantino) e o Paulo Custódio. Do lado de baixo, mais perto da costeira, morava o Adelino Benedito de Araújo (irmão do Constantino). Depois, como quem seguia para a Praia do Abreu (Saco das Bananas), chegava às casas do Valdomiro Custódio dos Santos, do Teófilo Custódio dos Santos, do Estanislau Marcolino Antunes de Sá e da Maria Jacinta de Jesus (filha de José Francisco do Nascimento), casada com Antonio João de Oliveira. Na Praia do Abreu eram duas famílias: Gregório Crispim (que mais tarde venderá a sua posse para o Bassin) e Anastácio Crispim (pai do Gregório). É bom dizer que toda essa área, desde o rio do Inhame até o espigão do Saco dos Morcegos, era da família da Odócia, minha mulher [...]”.


            A trecho citado, da prosa do saudoso Aristeu Quintino, aqui publicado noutra ocasião, tem apenas um propósito: mostrar onde estão as origens do Tio Garcêz. Mas por quê? Porque, olhando um mapa turístico do município de Caraguatatuba, desses que dizem os nomes das praias e dá as suas características, algo me chamou a atenção: depois da Pedra da Freira tem um lugar aconchegante por nome de Prainha do Garcêz. Pensei: será o Tio Garcêz?!? E não é que é mesmo?!?

            O Tio Garcêz, natural da Praia do Abreu, hoje denominada de Saco das Bananas, era um dos filhos do Zé Lourenço [da Ilha do Mar Virado]. A profissão, como a totalidade dos antigos caiçaras, era ser roceiro e pescador. Como bom caiçara também adorava dançar e festejar. “O titio amanhecia no bate-pé: era xiba, ciranda, cana-verde e o que mais viesse”, conforme me garantiu o Tio Toninho, o da fotografia. Por volta dos vinte anos, ele desposou a Tia Anastácia.
            Tia Anastácia era minha tia-avó, irmã da Vovó Martinha, da Tia Luzia, da Tia Sebastiana, da Tia Apolônia, do Tio Geraldo e da Tia Tereza. “Tudo gente nascida e criada na Praia do Pulso”.

            Após o casamento, Tio Garcêz e Tia Anastácia, seguindo caminho do Porto do Eixo, se detiveram a meio caminho do Morro dos Amorim. “Amorim era avô da Anastácia. Era da nossa família toda aquela área onde, por tanto tempo, meus avós produziram arroz, milho, banana e mandioca. Minha bisavó Zulmira era Amorim – descendência moura, né?”. Ali, no rio que antecede a “Vargem”, fizeram uma posse e viveram bons anos. Casa caiçara, pobre, feita de pau a pique rebocado, mas “com uma sala assoalhada para poder promover sempre um bate-pé, um espaço para festejar com os amigos, com a irmandade”.

            “Um belo dia o Garcêz me chamou...” – disse o Vô Estevan – “...e me ofereceu a casa porque arranjou um serviço em Caraguá. Era para tomar conta de uma propriedade de um ricaço, numa praia perto do centro da cidade”. Depois disso, o vô, a vó e os oito filhos se mudaram da casa do Morro do Cemitério (onde depois moraram o Tio Ezídio e o Candinho). Disso o Tio Neco lembra bem: “Parecíamos formigas carregando esteiras, algumas vasilhas e poucos panos. Atravessamos a barra e fomos pelo lagamar até chegar à nova casa e se encher de alegria”.

            “Na tal praia, hoje conhecida como Prainha do Garcêz, o titio morou por mais de vinte e cinco anos. Foi ele quem abriu, costeando o mar, a estrada que até hoje permite as pessoas irem até as prainhas [do Garcêz e do Robalo]. No seu lugar, ficou tomando conta do lugar o Seo Vicente, cujos filhos até hoje moram lá. São exímios remadores. O titio só saiu da prainha depois que comprou uma área na Martim de Sá, onde terminou os seus dias”. Desse tempo, da casa do Tio Garcêz, onde foi a festa de casamento do Tio Neco e da Tia Neuza, eu me lembro bem. Eu era adolescente e papai fez questão de me levar.

            Tio Garcêz era muito querido, se dava bem com todo mundo...Tinha crédito em qualquer ponto de comércio. Não tinha como não se sentir bem estando junto dele. Por isso... bem nomeada a Prainha do Garcêz!

Agradeço ao Pedro Caetano pelos comentários que enriquecem minhas postagens. Desde já, um forte abraço caiçara.

Olá amigo Ronaldo, incrível como as famílias do nosso litoral se entrelaçam! Seu Aristo [Aristeu], foi um querido amigo. Eu tinha uns 14 anos e gostava de mergulhar, conheci a Ponta Aguda, Lagoa, Simão, pelo seu sobrinho Afonso, filho da Dona Brígida, chamada de Oleosa. Jogamos bola no campinho da praia da Lagoa, dormi muito no posto da ASEL. Lendo seu texto me deparei com um entrelaçamento com minha família. A praia que você chama de Garcez se chamava de Praia do Bonifácio. Bonifácio Era meu Bisavô, pai da minha Avó Maria Bonifácio. Meu bisavô vendeu esta praia e daí foi morar seu Garcez, muito amigo de meu Avô Olegário Henrique de Oliveira (Olegário Coleta). Ambos eram funcionários do governo na antiga malária [SUCEN]. Conheci o senhor Garcez, seus filhos, netos que até hoje são amigos meus e também hoje fazem parte de minha família. Obrigado pelo texto; vou mandá-lo para os netos do senhor Garcez.
Ah! Depois do Garcez, quem morou lá por mais de 30 anos foi o Senhor Benedito Costa, um exímio pescador. Em seguida, quem habitou aquela praia foi o Senhor Vicente
Esta Praia hoje se chama Cambury.


8 comentários:

  1. Olá Amigo Ronaldo incrível como as famílias do nosso litoral se entrelaçam.
    Seu Aristo, foi um querido amigo Eu tinha uns 14 anos e gostava de mergulhar, conheci a ponta aguda, lagoa, Simão, pelo seu sobrinho Afonso filho da Dona Brígida Chamada de Oleosa, joguemos bola no campinho da praia da lagoa, dormi muito no posto da Assel, lendo seu texto me deparei com um entrelaçamento com minha família. A praia que você chama de Garcez se chamava de Praia do Bonifácio. Bonifácio Era meu Bisavô pai da minha Avó Maria Bonifácio, meu bisavô vendeu esta praia e dai foi morar seu Garcez muito amigo de meu Avô Olegário Henrique de Oliveira (Olegário Coleta) ambos eram funcionário do governo na antiga malária, conheci o senhor Garcez, seus filhos, netos que até hoje são amigos meus e também hoje faz parte de minha família. Obrigado pelo texto vou mandar, para os netos do senhor Garcez.

    ResponderExcluir
  2. Ha depois do Garcez quem morou la por mais de 30 anos foi o Senhor Benedito Costa um Eximio Pescador e depois veio morar o Senhor Vicente
    Esta Praia hoje se chama Cambury

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Agradeço as boas vindas... tbm agradeço o valioso trabalho que faz em nome de nossa cultura e a forma como o conduz, nos saboreando com excelentes leituras.... Parabéns! Amanheceeeeeee...
    www.informativo-nossopixirum.blogspot.com

    ResponderExcluir
  5. Oi José Ronaldo, que gostoso ler essas histórias das primeiras famílias de Ubatuba, dos termos caiçaras e indígenas. Há 25 anos amo esse paraíso, meu falecido marido foi amigo de um homem chamado Eugeninho, que diziam que metade de Itamambuca era dele, não sei se era verdade. Nós também íamos muito à Picinguaba, a estrada ainda era de terra, depois asfaltaram, na Enseada ainda não havia jetsky, o restaurante no alto em frente o Saco da Ribeira o nome era Malibu serviam uma pizza de siri gostosa, não lembro onde serviam com o peixe o Azul Marinho, delicioso! Nunca aprendi fazer.A ilha Anchieta, cachoeiras, enfim tudo me remete a um passado feliz nessa maravilhosa Ubatuba. Foi uma sorte descobrir seu blog, porque agora que em breve serei mais uma felizarda moradora daí, posso acompanhar tudo. Um abraço.

    ResponderExcluir
  6. Oi José Ronaldo, que gostoso ler essas histórias das primeiras famílias de Ubatuba, dos termos caiçaras e indígenas. Há 25 anos amo esse paraíso, meu falecido marido foi amigo de um homem chamado Eugeninho, que diziam que metade de Itamambuca era dele, não sei se era verdade. Nós também íamos muito à Picinguaba, a estrada ainda era de terra, depois asfaltaram, na Enseada ainda não havia jetsky, o restaurante no alto em frente o Saco da Ribeira o nome era Malibu serviam uma pizza de siri gostosa, não lembro onde serviam com o peixe o Azul Marinho, delicioso! Nunca aprendi fazer.A ilha Anchieta, cachoeiras, enfim tudo me remete a um passado feliz nessa maravilhosa Ubatuba. Foi uma sorte descobrir seu blog, porque agora que em breve serei mais uma felizarda moradora daí, posso acompanhar tudo. Um abraço.

    ResponderExcluir
  7. Que ótimo, Shirley! Feliz 2016 para você e familiares!

    ResponderExcluir
  8. Que ótimo, Shirley! Feliz 2016 para você e familiares!

    ResponderExcluir