terça-feira, 13 de maio de 2014

CADA LUGAR!

Brejaúba no Baguari   (Arquivo JRS)
                     
             Quem não é da beira da praia, nem está familiarizado com alguns aspectos do nosso linguajar, sempre estranha alguns termos ou o ritmo em que as palavras saem numa prosa entre caiçaras. Lembro-me de um tempo distante, quando dois amigos da capital paulista, estando descansando em Ubatuba, foram convidados por mim para conhecer o tio Dito, na praia do Sapê. Eles adoraram a acolhida, mas confessaram depois que, quando só eu e o titio conversávamos, pouca coisa eles entendiam. Deve ser assim mesmo.
          O cidadão Romildo, conforme me disse o Zizo,  chegado em Ubatuba há quinze anos, estava inconformado porque o seu lugar, ali nas cercanias do bairro de Itamambuca, tem o nome de Pau Seco. Está fazendo o que pode para alterar essa denominação. “Onde já se viu um lugar ter esse nome!?” Pobre homem! Não sabe que as denominações têm uma razões geográficas e históricas muito fortes. 
Ainda bem que ele está no Pau Seco! Poderia estar no Saco Grande, uma das nossas costeiras maravilhosas para a pesca. O Otávio não se cansava de dizer com muito orgulho: “Eu sou fazedor de balaio do Saco Grande”. Há ainda a possibilidade de estar gostosamente descansando na Ponta Grossa do Caetano ou na Ponta Lisa do Horácio, onde frondosas mangueiras acolhem os passantes. Que tal se acomodar como convém na Ponta Aguda, no ponto marisqueiro da finada Odócia? Se passar pela praia da Raposa, prestando bem atenção, onde brilham as rochas pretas, é a Costeira da Gardina. Uma maravilha que se destaca ali perto, bem grande e lisa, é a Pedra do Tolino, também conhecido como Tolete do Negro, tão atrativa quanto a Pedra do Zé Brás, no Perequê-mirim. Muita gente continua gostando de ficar sentado nelas. 
           No caminho da praia da Enseada, onde abundava tucum, estava o Charco da Madalena. Famoso, mas mal cuidado é o Buraco da Dita, no caminho do Perequê-açu.
Na praia Deserta, mesmo tendo desaparecido o velho ingazeiro, o nome continua em sua homenagem: Costão do Pau Arcado. Na Ponta da Fortaleza, se a disposição for pouca, pode se acomodar no Saquinho do Zacarias e apreciar a Lage Grande, onde a pesca é no currico.
“Coitado do titio! Faz tempo que ele morreu, mas na Ponta da Cabeçuda tem o seu pesqueiro: Lage do Rendido”. Era impressionante ver o velho caiçara, nas suas limitações, se deslocando pelas pedras em busca das maravilhosas garoupas e sargos!
        Deu sede na Ilha do Tamanduá? Procure o Rego da Filomena e se sacie com uma água maravilhosa!
Na Caçandoca, um lugar tão medonho quanto o Buraco da Cobra da Costeira do Cambiá é o Buraco do Negro. Agora, se estiver a fim de pescar, os lugares são muitos: na Enseada tem a Grota do Bráulio, o Buraco do Sabá e o Saco do Arcide. Na zona central, na costeira da Bela Vista, tem o Saco do Morcego e a Pedra do Pelado. E, para lembrar o amigo Fábio: “Não sei que fazer com com a Emília que quer ir no Saco da Mãe Maria”.

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