quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

PESCADOR E CAMINHONEIRO


O meu estimado compadre Nilo Cabral (Arquivo JRS)

Assim eu defino o meu compadre Nilo Cabral, casado com a Luzita, prima distante da mamãe; gente da Fortaleza! Foi dirigindo um caminhão que eu o conheci em 1970, no Perequê-mirim. Mais tarde, em boas prosas no jundu, fiquei sabendo de seu passado na pesca, de quanta influência teve o pai Pedro Cabral.
Dia desses, em visita ao querido compadre que se recupera de uma doença, especulei mais detalhes da comunidade caiçara na Praia do Perequê-mirim. “Quando eu  era bem dizer criança, pouco antes de 1950...”. Prosa boa com o meu compadre!

“O meu pai, conforme o compadre já sabe, era Pedro Cabral Barbosa. Era pescador, mas também tinha roça no sertão [do Perequê]. Fazia farinha de mandioca no lugar onde hoje é a casa do Álvaro e da Jurema, minha irmã. Para levar os produtos e vender em outros lugares, tinha uma canoa grande. Itagino Barreto, que também morava na praia, mais para o canto direito, era um dos remadores que sempre trabalhava com o meu velho pai. Porém, de vez em quando, tinha uma preguiça danada. Lembro-me de uma vez que, tendo carregada a canoa com uma grande quantidade de produtos a ser entregue em Caraguatatuba, o velho pediu para que eu fosse chamar o Itagino. “Diga pra ser ligeiro. Tá na hora de partir”. Chegando em sua casa, ele, assim que saiu no terreiro, foi logo dizendo que não estava bem, que não poderia ir trabalhar naquele dia.  Voltei e transmiti ao meu pai a situação. Na hora ele exclamou: “Ele tá é com preguiça de remar hoje! E agora? Não tem problema. Eu vou assim mesmo”. E ele terminou de rolar a canoa até a água.                Levando a canoa mar adentro, lá se foi ele sozinho, conduzindo a pesada canoa até a cidade vizinha. Era novo e nunca deixava de cumprir um compromisso. “É freguesia garantida. Estão esperando as minhas mercadorias”. A valência era que sempre tinha vento favorável para a embarcação correr bem no traquete.
Ai que saudade! O papai era mestre canoeiro! E dos bons!”.

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