sábado, 15 de fevereiro de 2014

AOS NOVOS UBATUBENSES (I)

Avenida Iperoig - Ubatuba - 1972 (Arquivo JRS)


      Acordei pensando nas muitas pessoas que vieram morar em Ubatuba atraídos pelas atividades advindas com o turismo. “O nosso lugar cresceu”. É a luta pela sobrevivência que faz tantos deixarem suas terras para tentar a vida em outros lugares. Porém...não faz mal conhecer a história do lugar em que agora estamos, saber que, oficialmente, Jordão Homem da Costa foi o primeiro estranho neste chão de Iperoig. Enfim, uma adaptação cultural se faz necessário ao migrante que se desligou de seu torrão natal. Estava certo quem disse que “toda pessoa que passa por nossa vida leva um pouco de nós e deixa um pouco de si mesmo”.
 
     Lendo a tese de doutoramento do Olympio [Corrêa de Mendonça], de 1978, cujo título é O léxico do falar caiçara de  Ubatumirim, encontrei o seguinte:

       É fato notório que o sobrenome de muitas famílias antigas e representativas de Ubatuba é de origem francesa. Há os:
   “Bourget, Richer, Paviol, Giraud, Vigneron, Robillard Marigny, Charleaux e outros. Ignoramos se se trata de descendentes dos colonos franceses trazidos pelas diferentes companhias exploradoras de madeiras do litoral, entre estas a Compagnie Française de Bois Exotiques, ou de marujos de alguma fragata de piratas, naufragada nas costas de Ubatumirim. O fato é que, lá pela serra acima...há nome genuinamente gaulês, provenientes do surto da beira-mar”.

      Na região de Ubatumirim, encontramos apenas o nome de uma família francesa [Patural], cuja vinda para a região se fez ainda neste século e não chegou a se aculturar com os naturais. Os demais nomes são todos portugueses, com um ou outro sobrenome, talvez, espanhol, como Peres e Fernandes. Todavia encontra-se, aqui, muitas pessoas de pele e olhos claros, que fazem lembrar o europeu, mas não especificamente o português. Há, ainda, o musculoso mestiço índio, de olhos amendoados e tez bronzeada, cujo porte e força física causam admiração aos visitantes. A presença tamoia na região dispensa comentários.

   Apesar desses fatores esparsos de povoamento, a colonização organizada só se faz a partir de 1600, sendo donatária da Capitania de São Vicente, a Condessa de Vimiero e sendo o governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá, quando Jordão Homem Albernaz, ou Jordão Homem da Costa estabeleceu-se com sua família e agregados na região onde hoje existe a cidade de Ubatuba. Não poucas vezes foram assediados pelos tamoios e seus associados franceses. Serviram de fortaleza para defesa de São Vicente e Piratininga.

3 comentários:

  1. Olá, Zé,
    Ontem meu vizinho Luiz comentou que, em seu local de trabalho, há algumas pessoas que vieram da capital e criticam muito o nosso ritmo de viver. Um dia, irritado com isso, Luiz lhes disse: "Vocês sofrem porque querem adaptar Ubatuba a vocês em vez de se adaptarem à Ubatuba". Ele está certo. Um abraço.

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  2. Ola... saberia me dizer onde posso encontrar a tese de doutoramento do Olympio Corrêa de Mendonça, de 1978, cujo título é 'O léxico do falar caiçara de Ubatumirim' para ler?

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