segunda-feira, 20 de novembro de 2023

DOAR SANGUE

 

Imagem atualizada (Arquivo JRS)


       O amigo Ernesto me convidou para um encontro em torno do tema Doação de Sangue. Não pude comparecer, mas me senti na obrigação de dar a minha contribuição através de um texto, contando a minha história.  Espero que seja importante para motivar discussões, sobretudo agora em que tramita em Brasília um projeto que é favorável aos mercenários do sangue. 


      Meu nome é José Ronaldo dos Santos. Tenho sessenta e um anos.  Nasci em Ubatuba, na praia do Sapê.    Sou professor. Agora estou aposentado. No começo deste ano (2023) fui doar normalmente sangue no hemocentro de Taubaté. Durante o preenchimento da ficha que antecede a doação, a senhora que me atendeu perguntou há quantos anos eu era doador. “Sou doador desde 1982, quando um colega estava desesperado para conseguir sangue para a mãe internada. De  lá para cá eu nunca parei. Teve ano que eu doei até quatro vezes, mas a média é de duas vezes ao ano. Portanto, completou quarenta e um anos que sou doador”. Mediante o meu histórico, fui convidado para uma entrevista. Gravei um depoimento a ser divulgado em nível nacional para servir num trabalho de conscientização da importância de doar sangue, de ser doador.

     No início dessa carreira de doador de sangue, eu tinha a facilidade de me dirigir à Santa Casa de Ubatuba e ali mesmo me sentir realizado por tal ato. Quem me atendia era a enfermeira Cecília. Depois, por volta do ano 2000, o banco de sangue da  nossa cidade foi suprimida. Deve ter muitos motivos, mas nunca me explicaram. Tudo me faz crer que sangue se tornou quase um monopólio. De vez em quando havia uma campanha, mas era difícil ajustar o meu corre-corre com as datas. Até em Caraguatatuba eu me desloquei: doei nos bombeiros, no quartel da polícia etc., mas o mais comum foi doar em outras cidades mais distantes, quando precisava viajar para resolver outros negócios. Assim, doei em Santo André, no Hospital das Clínicas (na capital paulista), nos hemocentros de Juiz de Fora, de Taubaté, do hospital de São José dos Campos etc. Lamento muito porque, caso houvesse ainda um centro de doação em nossa cidade, os doadores e doadoras seriam muitos. Quando eu comecei era comum ter muita gente a cada oportunidade. Muitas amizades que tenho ainda são daquela época, quando estávamos na espera para deixar nossa contribuição. (Nota: quase todas as vezes eu doo espontaneamente, sem ter alguém específico para receber. Acredito que alguém vai se beneficiar do meu ato, do meu sangue. Fico sempre contente por essa mínima ação).

     Quando eu assisto na televisão campanhas para ser doador, denuncio que é uma mentira. Caso quisessem mesmo ter mais doadores, as cidades teriam seus bancos de sangue, não precisaríamos viajar para isso. Escrevi a responsáveis sobre isso, mas até hoje não me deram respostas. Logo estarei completando sessenta e dois anos, mas espero continuar doando até os sessenta e nove. Sei que é muito importante doar sangue, salvar vidas. Também é importante doar órgãos. Imagino que muitas vidas estão aí devido aos meus 450 ml que deixa o meu corpo em dez minutos duas ou três vezes ao ano. Eu me realizo doando sangue!

       

         Parabéns ao Ernesto pela cobertura jornalística. Parabéns a ao pessoal que participou do 2º Encontro Anual de Doadores de Sangue. São iniciativas assim que sensibilizam mais gente, nos fortalecem, nos unem na luta para não deixar que o sangue e seus derivados se tornem fontes de lucros para alguns, excluindo de essenciais tratamentos os pobres, desmotivando o importante ato de doar sangue. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário