quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

QUE VENHA!

Praia Martim de Sá, onde morava o Tio Garcêz, na metade do século XX. (Arquivo histórico)

                Chegou o novo ano! Já estamos em 2015!
                Comecei o primeiro dia do ano com quem mais amo: a minha família! No meu espaço, assim que o dia amanheceu, fui cuidar das plantas e dar uma arrumada no quintal. Fiz podas, enterrei galhos e folhas, transplantei mudas, colhi algumas frutas e varri a calçada.
                A minha calçada, assim como muitas, tem árvores e outras plantas menores. Acredito ser muito importante a harmonia proporcionada pela natureza. E quem dos passantes não merece uma sombra em dias tão quentes?!? A cada vistoria que faço nos modestos canteiros da calçada, recolho um monte de lixo: são garrafas, sacos plásticos vazios ou com fezes de cachorros, copos descartáveis, latas de alumínio, tubetes de crack etc...etc... Ou seja, considerando a repetição ao longo do ano, deduzo que são contribuições da vizinhança, de pessoas sem educação e sem respeito ao(s) espaço(s) do(s) outro(s). A casa de gente assim deve ser igual o quê? Imagine a convivência com gente assim! E como fica a perspectiva de luta por um mundo melhor, tendo esse tipo de “parceria”? Resumindo: se nem com o próprio lixo conseguem um comportamento adequado, uma solução civilizada, como poderá decidir encaminhamentos políticos para a realidade desde o entorno? “Miséria cultural!”, exclamava o Mestre Américo. Nos idos de 1970, analisando os rumos dos negócios imobiliário, dos aterros dos terrenos, das ocupações de áreas impróprias e da destinação do lixo em nossa Ubatuba, ele anunciava a formação de uma mentalidade muito diferente da cultura que era natural daqui, a enxergar os recursos naturais de outra forma. Aqueles primeiros trailers e barracas que se instalavam na Praia Grande, segundo ele, eram “uma mostra do que virá nas próximas décadas”. E acrescentava: “Quem viver virá”. Essa mentalidade agora está posta! Parece que de pouca coisa valeram/valem as aulas e as propagandas esclarecedoras em torno do meio ambiente e do valor da vida.
                Muita gente não percebe a interdependência entre tudo (animais, rios, mar, restinga, mangue, homens...) que forma a diversidade na nossa terra. A devastação é encarada como normal e inevitável. A indústria também segue um modelo inconsequente. “O que importa é o lucro”, dizem muitos. Não foi assim que eu aprendi dentro da minha cultura caiçara. Lembro-me que até condimentos, especialmente pimenta, não eram usados no preparo dos frutos do mar devido à crença de que disso resultava a diminuição deles na natureza. E o que dizer do respeito aos ciclos dos animais e dos peixes?
                Contra pessoas que destoavam de um viver mais fraterno, que davam passos para provocar as desuniões, a saudosa Tia Izolina tascava: “Praga eu não rogo, mas bom fim não há de ter”. No fundo, era versão similar ao “Deus dará aquilo que merece gente assim. Ele é justo”. Eu não quero ser radical! Quem sabe não está certo pensar positivamente no bordão oficial anunciado neste primeiro dia do ano, ou seja, no “Brasil:  Pátria Educadora”?

                Vamos apostar na educação a partir da convivência nesse nicho ecológico (entre a serra e o mar) que possibilitou o nascimento da cultura caiçara! Se valendo da época, onde as Folias de Reis percorrem as casas e se preparam para o evento do próximo Dia dos Reis (06/01), não vamos fazer como Herodes e “ensinar às avessas do caminho”. Enfim, começo o ano de 2015 acreditando que devo fazer bem a minha parte a começar pela minha casa e arredores. É o que desejo a todos para a nossa própria felicidade. Que venha tudo de bom! Um abraço. 

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