segunda-feira, 10 de novembro de 2014

NOSSAS BRINCADEIRAS

Miringuitos nos Caminhos de Servidão (Arquivo JRS)

               Há pouco tempo o primo Cláudio, que vive no Rio de janeiro desde o tempo em que estivemos na Marinha, me perguntou sobre as sementes pretas e brilhantes que faziam as vezes de bolinhas de gude na nossa infância, na Praia da Fortaleza. Eis a resposta: “É miringuito, semente de cubatã”.

A árvore denominada de cubatã é muito comum nos nossos Caminhos de Servidão e pelas costeiras. No meu quintal, quase sempre estou achando mudas dela. É que as sementes são trazidas pelos morcegos e germinam com muita facilidade.

O miringuito, bem antes de eu conhecer as bolinhas de vidro (gude), fazia parte de nossas disputas. No terreiro da Tia Martinha, onde estudávamos, em qualquer intervalo de tempo, a molecada estava disputando partidas. Eram pequenas caçapas e triângulos no chão duro, sob gritos de “pega risca”, “tudo”, “livre eu”, "cafifa, cafifa" que cobiçávamos as mais belas sementes (pretas, marrons, avermelhadas e amareladas). Depois da aula, muitos se dirigiam ao Canto do Cambiá, perto da casa do Tio Maneco Armiro, onde sabíamos da existência de um grande cubatã. Era debaixo da sua copada que vasculhávamos em busca das sementes mais bonitas. Elas eram jogadas por último pelos perdedores. Por isso que os melhores jogadores (na estecada e na mira) nunca precisavam se rebaixar ao ponto de quase que varrerem debaixo da frondosa árvore. Eles rapelavam tudo, se vangloriavam das belas sementes conseguidas apenas pelo talento no jogar bem. 
             

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