Rosas no terreiro - Arquivo JRS |
Lendo uma mensagem do cantor Milton Nascimento, no encarte do disco Anima, me emocionei: “Este disco traz aquilo tudo que acredito. Todas as coisas que gosto. Essa vontade de acreditar, apesar de tudo que acontece no mundo, contrário a essa esperança. A vontade muito grande de cantar, de dizer as coisas para as pessoas, de falar coisas que a gente ouviu, o que a gente aprendeu e que a gente segue vivendo apesar de tudo [...] Anima vem do latim e significa: sopro, aragem, brisa, vento, ar, exalação, cheiro, aroma, dá vida, alento, vida, existência. Significa alma”.
Por que me emocionei? Porque hoje, agora, enquanto estou escutando a cantoria de passarinhos, alguém está entrando numa sala de aula deste país num desafio: continuar levando a esperança que herdamos de tanta gente que por nossas vidas passaram.
Qual esperança? Somente a educação pode mudar o mundo para melhor! Que ela seja libertadora!
O que a gente ouviu e aprendeu nos trouxe até aqui. Eu apenas continuo contando minhas histórias porque creio nas muitas educadoras e educadores que estiveram, estão na pista ou virão por este caminho, nesta mesma esperança. Eu, a cada amanhecer, estou ciente e firmando posição contra os sinais de desesperança tão assustadores. Eu, a cada momento, estou torcendo pelo sucesso da companheirada na empreitada educativa nossa, deste nosso povo, desejando força sempre e se segurando nesta bandeira. É a nossa alma que está em comunhão neste momento, em mais um passo depois de outro, de outro, de outro... almejando a grande utopia que ilumina o horizonte do alvorecer. Vai, filho! Vai, filha! Seguimos juntos, minha Gal! É o amor que nos sustenta! Amanhã será um novo dia juntamente com os sonhos e lutas de ontem e de hoje!
Entre as plantações havia água.
Valas, corguinhos...
Reguinhos repletos de vidas:
Garu-garu, camarão, bagre...
Mussum, mãe d’àgua...
Saracura festando o entardecer.
Tudo água limpa, cheia de vidas,
Digna de crença, novidade alguma de quem contou:
“Era só se agachar e se saciar ali mesmo”.
Era assim mesmo!
Sem cercas além dos bastoeiros
(Cheirosos, prediletos de cobras),
Quase sem limites à criançada.
Tudo era espaço de arte,
Lugares de reinações;
Descobrindo mundos
Mesmo no esconde-esconde.
Aonde foi tudo isso? Aonde?
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