sexta-feira, 19 de abril de 2019

NEM TUDO SÃO FLORES


               
Jundu da Mococa (Arquivo JRS)

Jundu da Mococa (Arquivo JRS)

      Já escreveu o historiador Harari: “Um grande número de estranhos pode cooperar de maneira eficaz se acreditar nos mesmos mitos”. Eu creio que, recuperar a  natureza passo a passo, pode reverter o triste fim da nossa espécie. Tento, na medida do possível, dar a minha contribuição nessa realidade imaginada, nessa utopia de um mundo melhor. Também aplaudo as iniciativas de grande número de amigos (Pedro, Djalma...) e de estranhos que fazem de tudo por tais crenças. Ah! E não me omito naquilo que está no sentido contrário!

               Há alguns dias notei uma  ação  interessante  - das minhas! – na praia da Mococa (em Caraguatatuba): uma porção do jundu, no canto direito, foi protegida do vandalismo (nem sempre percebido por gente que se delicia na natureza preservada, se renovando a cada feriado ou final de semana). “Seu processo evolutivo ainda não está nesse estágio”. Ali tem uma mata especial, aves, plantas e outros seres que garantem a qualidade daquele lugar, a nossa qualidade de vida. E elas devem prosperar! Me parece que, das praias do município, ela é a única a receber esse tratamento. Parabéns aos ambientalistas ativos, sensíveis à nossa causa! Afinal, defender o jundu é defender a cultura caiçara. Deixo a sugestão de, inclusive, aproveitar o cisco trazido pela maré, de usá-lo como substrato na areia onde predomina tão admirável diversidade. Convidem as escolas para sensibilizar seus alunos, firmem parcerias com as entidades e publiquem nas diversas mídias o quanto é importante multiplicar tais atitudes (de respeito, de deslumbramento, de energias positivas...). Eu já deixei ali, na área protegida, a minha muda de abricó e o meu pé de pitanga. Quem poderia replantar manacarus?

               Mas nem tudo são flores na Mococa! No final da última temporada, num pequeno trecho de jundu preservado na primeira metade da praia, notei uma abertura de um pequeno caminho. As marcas das enxadadas ainda estavam frescas. Agora, menos de um mês depois, confira na imagem, já se abriu um lote e dá para ver umas instalações firmadas no local. Alguém mora ali? Tem necessidade mesmo de dar um fim na vegetação que se formou num longo tempo evolutivo? E o que dizer dessa quebra de harmonia tão acelerada em nossa realidade litorânea? “Ah! Logo pode aparecer um muro escondendo o óbvio abuso”.
Jundu da Mococa (Arquivo JRS)

               Depois, dessas mesmas pessoas se escuta: “Estão destruindo a natureza. Brasileiro é mesmo um povinho danado!”.  Hipocrisia! Conforme escreveu alguém no feriado (sexta-feira santa): “Hoje é dia dos hipócritas: não comem carne, choram com Cristo torturado, mas votaram no cara que é a favor da tortura”. É lógico que somente os hipócritas, inclusive uns parentes meus, devem se reconhecer nesta frase! Ainda bem que há pessoas firmes na realidade imaginada por Cristo: de dar a vida por um mundo melhor para todos e não apenas para uma minoria. E vida melhor exige respeito à natureza, à cultura que depende dela!

3 comentários:

  1. Parabéns pela matéria! Sou um dos estranhos. Cheguei aqui, em 2013. E, reunimo-nos com Pedro Caetano e outros. O Djalma é parceiro também. As placas da foto (coloridas), foram confeccionadas pela equipe de monitores ambientais que tive a honra de coordenar, durante projeto Verão no Clima. Tem mais destas placas no Massaguaçu e pedra da Freira.
    Grato e um abração
    Roque

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  2. Esqueci de comentar, a placa com as leis, foram mandadas confeccionar pela nossa ONG Assoc. Caraguatás Ambiental.

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    1. Parabéns pela ação e por tudo em defesa da vida do nosso ambiente! Abraços.

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