segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

SOCIOLOGIA DO TURISMO

Cruzeiro de Anchieta (Arquivo Ubatuba Antiga)

          O turismo exige formação em todos os sentidos (estudar, pesquisar, visitar lugares, conversar com pessoas...). Ter um turismo de boa qualidade, atender bem aos visitantes e se realizar nisto não são tarefas fáceis. Fácil é sujar tudo, ocupar áreas impróprias, dificultar acesso aos patrimônios públicos etc. A Sociologia do Turismo é um sustentáculo imprescindível para  ser eficiente na dinâmica que gira na relação cotidiano/anticotidiano. Começar entendendo a história é um ótimo começo. Eu, nas minhas limitações, sempre estou querendo contribuir com alguma coisa nessa direção. Torço para estar ajudando alguém. Perdoem-me os historiadores pela minha ousadia numa seara que não é minha. Estando para comemorar cinco anos de blog, vou preparando outros textos nessa direção. 

        Eu costumo partir de um roteiro básico, lembrando que em 1500, por ocasião da chegada dos portugueses por estas bandas, neste território circulavam, entre diversas tabas desde a Baía da Guanabara, os índios do grupo Tupinambá.

      Os tupinambás foram descritos em seus costumes e suas tradições por diversos viajantes e aventureiros europeus, dentre eles o alemão Hans Staden. Desses indígenas nós sabemos bastante coisa. Mas... antes deles, este território (Ubatuba) já esteve ocupado por volta de 1200 anos antes. É o que mostra as escavações arqueológicas nas ilhas (Vitória, Mar Virado...) e no Sitio do Tenório. Outros lugares e outros vestígios ainda continuam obscuros.

         Parando no Cruzeiro, na Praia de Iperoig (ou do Cruzeiro, no centro da cidade), é possível abordar a saga dos tupinambás. Sob a liderança de corajosos caciques da região, a nossa terra foi palco da primeira resistência organizada contra os europeus no continente americano: a Confederação dos Tamoios. Naquele lugar, bem junto ao marco que até já sofreu  tentativa de ser retirado por fanatismo religioso,  você pode explicar a Paz de Iperoig. Foi ali que se firmou um acordo mediado pelos padres Anchieta e Nóbrega para por fim ao conflito entre os tamoios (designação para quem já ocupava primeiro este território) e os portugueses. Aos pés do Cruzeiro, em 14 de setembro de 1563, data em que a Igreja Católica tem no calendário como o dia da Exaltação da Santa Cruz, se estabeleceu a paz, ou melhor, as condições para os portugueses se imporem aos donos da terra. A cada ano, bem ali, deveria se rememorar tudo e dizer a verdade: “Aqui aconteceu a Traição de Iperoig”.  Defendo que foi uma traição porque apenas os tupinambás cumpriram a sua parte no acordo, o primeiro verificado na América, no novo continente.
A Traição de Iperoig foi o sustentáculo para a fundação da vila. Assim já escreveram:

               “Sendo a donatária da Capitania de São Vicente, a Condessa de Vimieiro, Dona Mariana de Sousa Guerra, entre outros beneficiários, doou vasta extensão de terras que compõem hoje o território do município de Ubatuba, a Dona Maria Alves que, por sua vez, doou o necessário a Jordão Homem da Costa para que este fundasse a vila, no mesmo local onde existiu a aldeia de Iperoig”.

            Assim:

              "Por provisão de 28 de outubro de 1637, do então governador geral do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, a antiga aldeia de Iperoig foi elevada à categoria de vila sob o pomposo nome de Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba".

               Nesta minha contribuição você aproveita para questionar, entender ou explicar os nomes que orientam nossas ruas. 

               Me darei por satisfeito se conseguirmos estabelecer uma Sociologia do Turismo capaz de orientar um desenvolvimento sustentável, que preserve o meio ambiente e a cultura local. Bom turismo! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário