Vovô José Armiro (Arquivo JRS) |
Vovô na bicicleta (Arquivo JRS) |
Vovô Armiro, chamado de Zé Grande pela vovó Eugênia (para diferenciar do neto Zezinho que vivia se tecendo em volta deles ou estava sempre por perto), gostava de provocá-la em versos. Eis um deles, da minha lembrança: "José Armiro Alves de Lima/ Flor das moças, alecrim das meninas". Outro? Tá bom... "Meu pé de manjericão, minha flor de açucena/ Quer competir com você a vossa prima Filomena". Hoje, no poema do mano Mingo, ele nos alerta contra os tubarões de terra, os que foram chegando e abocanhando as posses caiçaras, sobretudo recorrendo à elaboração de ilusões para ludibriar os peixes miúdos.
Quando crescer eu vou comprar um barco à vela
para me levar aonde o vento sopra,
vou pintá-lo de nuvens e ondas
e chamá-lo de valente.
Vou deixar de bobagem,
navegar só de cabotagem,
ter amigos em cada porto,
pescar o peixe grande e soltar o filhote,
assistir o espetáculo dos golfinhos,
respeitar os sinais dos tempos,
fugir das tempestades,
e ter tenência das coisas,
pois, como disse vovô José:
"escute e veja se não erra,
o pior dos tubarões
muitas vezes está em terra".
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