"Olha esse céu tão lindo..." - Arquivo Santiago |
Na década de 1970, no tempo da minha da minha infância/adolescência, se fazia muitas festas juninas - todas no mês de junho! -, quase sempre nos dias dos santos Antônio, Pedro e João - que eram dias guardados na religiosidade caiçara, eram feriados santos. Essas festividades aconteciam nas capelas e escolas.
Na escola do Perequê-mirim, enquanto Alice e Lúcia, as filhas da
Dona Bá ensaiavam as crianças, no esmero dos jovens e adultos tal tarefa ficava
a cargo do Dito Carneiro e do Altamiro, irmão do Maurinho e outros. Vários
ensaios antecediam a festa. Não sei de onde conseguiam uma vitrola que rodava o
disco temático de Mário Zan. Só sei que formavam os pares e pronto! "Segue
o ensaio da nossa dança, caipirada!". Que alegria!
Na
dança de quadrilha cada casal tem seus estilo, seus balanços e requebros. Só
não pode deixar de realizar da melhor forma possível os comandos de quem está
responsável pelos ensaios. Faço questão de dizer que era um trabalho gratuito,
um talento doado à comunidade com muita alegria. A preocupação do mestre ou da mestra
da dança era fazer bonito no dia da festa, na apresentação para todos, quando
até sanfoneiro era buscado não sei de onde.
O momento da dança, com os devidos paramentos caipiras retratando o pessoal da roça, era o mais aguardado de todos. O início era com a teatralização do casamento na roça, do noivo sendo
trazido sob a mira de uma espingarda pelo pai da noiva porque tentara fugir do compromisso. Depois que o padre dava
as bênçãos e autorizava o beijo ao casal, todos os espectadores vibravam, pois
sabiam que a dança começaria. Cada casal mais arrumado do que o outro, bem bonitos; todos sorridentes. Quem não
tinha barba pintava o rosto com rolha de cortiça queimada. As damas
caprichavam nos batons e nos laços de fitas.
Após as alegres evoluções dentro dos comandos, no fim um grande viva com chapéus voando e todo mundo aplaudindo. Nesse momento víamos o orgulho dos mestres e das mestras que nos ensaiavam. Agora me digam: Por que tudo isso passou?
Ah!
Visavis também provinha do francês, das danças da nobreza chegadas no Brasil junto com a família real, em 1808: vis-à-vis. Era o
comando que colocava frontalmente os casais se olhando e se balanceando diante do outro com aqueles sorrisos lindos. Quantas uniões derivaram dessas gostosas festas!?
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