sexta-feira, 6 de agosto de 2021

VISAVIS, ANARRIÊ... E POR AÍ SEGUIA

"Olha esse céu tão lindo..." - Arquivo Santiago

                       Na década  de  1970,  no  tempo  da  minha  da minha infância/adolescência, se fazia muitas festas  juninas  - todas no mês de junho! -, quase sempre nos dias dos santos  Antônio, Pedro e João - que eram   dias  guardados na religiosidade caiçara, eram feriados  santos.        Essas  festividades  aconteciam  nas  capelas  e escolas. 

 

        Na escola do Perequê-mirim, enquanto Alice e Lúcia, as filhas da Dona Bá ensaiavam as crianças, no esmero dos jovens e adultos tal tarefa ficava a cargo do Dito Carneiro e do Altamiro, irmão do Maurinho e outros. Vários ensaios antecediam a festa. Não sei de onde conseguiam uma vitrola que rodava o disco temático de Mário Zan. Só sei que formavam os pares e pronto! "Segue o ensaio da nossa dança, caipirada!". Que alegria!


        Na dança de quadrilha cada casal tem seus estilo, seus balanços e requebros. Só não pode deixar de realizar da melhor forma possível  os comandos de quem está responsável pelos ensaios. Faço questão de dizer que era um trabalho gratuito, um talento doado à comunidade com muita alegria. A preocupação do mestre ou da mestra da dança era fazer bonito no dia da festa, na apresentação para todos, quando até sanfoneiro era buscado não sei de onde.

    O momento da dança, com os devidos  paramentos caipiras retratando o pessoal da roça, era o mais aguardado de todos. O início era com a teatralização do casamento na roça, do noivo sendo trazido sob a mira de uma espingarda pelo pai da noiva porque tentara  fugir do compromisso. Depois que o padre dava as bênçãos e autorizava o beijo ao casal, todos os espectadores vibravam, pois sabiam que a dança começaria. Cada casal mais arrumado do que o outro, bem bonitos; todos sorridentes. Quem não tinha barba pintava o rosto com rolha de cortiça queimada. As damas caprichavam nos batons e nos laços de fitas.

      Após as alegres evoluções dentro dos comandos, no fim um grande viva com chapéus voando e todo mundo aplaudindo. Nesse momento víamos o orgulho dos mestres e das mestras que nos ensaiavam. Agora me digam: Por que tudo isso passou?

    Ah! Visavis também provinha do francês, das danças da nobreza chegadas no Brasil junto com a família real, em 1808: vis-à-vis. Era o comando que colocava frontalmente os casais se olhando e se balanceando diante do outro com aqueles sorrisos lindos. Quantas uniões derivaram dessas gostosas festas!?

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