Uma amiga se aposenta: Egléia Adalgizo Minas. Eu escolhi o título de Olhos d'água para homenagear esta exemplar professora carioca que, desde 2004, vive em Ubatuba. Na verdade, trata-se de nome de livro da escritora Conceição Evaristo, que se formou em Letras na mesma universidade onde a nossa querida amiga se formou em História, na UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ou seja, ambas, negras, começaram suas carreiras acadêmicas na Cidade Maravilhosa. A primeira se enveredou pela literatura; a outra, que agora se despede da nossa convivência escolar, estudando bastante e cultivando um senso crítico fantástico, sempre conseguiu fazer a diferença na vida dos alunos e em nossas vidas. Este é o sinal marcante da sua vitalidade. E acredito que ela seguirá assim, sempre atenta às vulnerabilidades dos excluídos da nossa sociedade, ensinado História, provocando reflexões e atitudes libertadoras.
Parabéns, Egléia, por essa forma tão especial de você estar no mundo, de fazer parte em nossas vidas! Com você nós sempre vislumbramos cenários novos, fizemos novas leituras de mundo, promovemos oficinas formativas maravilhosas e tivemos conversas significativas e marcantes.
Egléia, minha avó Eugênia, comadre Vitória, Conceição Evaristo e milhares de milhares que marcam o Brasil, são oriundos da Rota dos Orixás inaugurada no século XVI. Recentemente, reparando em medalhistas deste país no torneio olímpico de Tóquio, constatei em seus traços as provas de que somos uma das maiores nações de afrodescendentes do mundo. Olhando essa grande amiga e toda essa gente, posso parodiar Eliane Brun ao dizer a respeito da ginasta Rebeca, a medalha de ouro da periferia de Guarulhos: "... representa séculos de resistência". Nunca podemos nos esquecer disto, sobretudo quando a narrativa burguesa continua justificando tantas humilhações e sofrimentos ao povo negro e aos povos originários neste nosso país.
Que o seu coração, amiga, guarde e continue se preenchendo de felicidade; que sempre contagie quem estiver ao seu redor, na sua convivência.
Abraços e beijos de todos nós, em especial deste que você nomeou, um dia, em sua tese de mestrado, como "semeador de sonhos, de expectativas e de vida".
Mais alegres do que nós, estão nossos ancestrais africanos que zelam por todos - filhas e filhos - no chão brasileiro, no continente americano. Com certeza que estão!
Agora, não tendo mais palavras, com olhos d'água, deixo o coração a batucar cheio de alegria as batidas de despedida dessa grande companheira.
Com carinho - José Ronaldo dos Santos
Texto emocionante, verídico e edificante onde se percebe claramente o valor de uma amizade, sou grata por conhecer tanto o autor quanto a inspiração para essa escrita. Felicidades aos meus amigos que estimo de coração ❤️
ResponderExcluirÉ a amiga, né?!? Gratidão, Kátia.
ExcluirBlz de crônica, Zé. Egleia merece.
ResponderExcluirCom certeza, Mingo!
ExcluirMeu amigo Zé!
ResponderExcluirGratidão pela homenagem tão linda , resultado de sua escrita elegante. Um presente sua amizade sincera.Amo-te!
Gratidão também.
ResponderExcluirParabéns José Ronaldo pelo belo texto.
ResponderExcluirUma singela e bela homenagem para Egleia. Que de fato, merece. E que muitas Evaristos, Egleias, Carolinas, Genis, Dijamilas possam ter a oportunidades de construir histórias de luta e representatividade, que essas mulheres construíram e vem construindo. Abraço
Gratidão. Parabéns a todos nós que resistimos à sanha fascista no cio com o neoliberalismo!
ExcluirBela homenagem!
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