sexta-feira, 13 de agosto de 2021

ONDE AS CAVEIRAS DESCANSAM

 

Caveira na praia - Foto: Yugo Okoyama

 

Uma bela vista se tinha daquele lugar.

Em maré baixa aparecia areia,

Virava a praia da Bela Vista,

Lugar que, em outro tempo,

Se forrou de corpos

Vindos do Príncipe das Astúrias

Que em Ilhabela naufragou.

Agora, ali, o que restou?


Daquele lugar, um "tubarão" se apropriou:

"Está tudo dentro da Lei!".

"Mas a costeira não é pública?

Os caminhos de servidão não são protegidos?".


Os antigos diziam; o meu pai nos contou:

"O navio afundou lá longe,

Mas tem correnteza no mar;

Por isso encalharam naquele lugar.

Muitos corpos ali apodreceram;

Na exígua Santa Rita foram sepultados.

Da autoridade, uma exigência: que fossem contados".


Daquele lugar, um "tubarão" se apropriou:

"Está tudo dentro da Lei!".

"Mas a costeira não é pública?

Os caminhos de servidão não são protegidos?".


Foi-se a casa que nos assombrava, 

Erigida por parentes dos mortos.

Agora, debaixo das mansões,

Onde antes era apenas mato e flores, 

Descansam caveiras e suas ossadas,

Sob bem cuidados jardins.

Àquela praia, o egoísmo deu um fim.


Daquele lugar, um "tubarão" se apropriou:

"Está tudo dentro da Lei!".

"Mas a costeira não é pública?

Os caminhos de servidão não são protegidos?".





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