quarta-feira, 25 de agosto de 2021

A MULHER BONITA...A PRAIA...

 

Praia Brava, do Hermínio, foi renomeada - Arquivo internet

       

     Era só alegria no aniversário do Nilo Cabral, meu saudoso compadre. As músicas saíam da vitrola para animar ainda mais o grupo, todos caiçaras. De repente, um samba de Martinho da Vila. Aí o clima embalou, ficou mais quente.


Quem é do mar não enjoa, não enjoa/ Chuva fininha é garoa, é garoa/ Homem que é homem não chora, não, não, não, não chora/ Quando a mulher vai embora, vai embora.


       E vai...e vai... e vai.... Quando a música acaba, os mais animados parodiam uma das estrofes:


Quem tiver mulher bonita/Traga rente, pelas mãos/Pois o Nelson tinha a dele/Mas perdeu lá no sertão.


     E virava tudo em escandalosas risadas, com novas rimas e novas  estrofes. “Que bandalheira é essa?”  - perguntou o Nilo. “Estão estragando a música isso sim!”. Quase todos os presentes continuavam na mesma animação, inclusive o irmão do Jango, cuja companheira, no sertão, ganhou o mundo com o Benedito. Mas o Nelson era todo sentimento se desmanchando em bebedeira! Chorava, cantava, se requebrava não se importando com ritmo algum, sem se dar conta de qual artistas se esgoelava na animação daquela festa distante, na casa do Nilo e Luzita. No clima daquele momento, Mané Fialho puxou  cantoria embalado pelo samba que era sucesso no momento:


Meu pai não quer que eu case, mas me quer namorador...lá, lá, lá...

Madalena, Madalena/ Você é meu bem querer/ Eu vou falar pra todo mundo/ Vou falar pra todo mundo,/ Que eu só quero é você...”.


    A pobre da Madalena, jovem de tudo, não sabia onde se colocar cheia de vergonha. Ainda bem que a sua irmã casada estava ali com o marido. Para evitar complicações, eles logo deram um jeito e foram embora muito antes da saideira. No dia seguinte comentei acerca do incidente, com o Fialho; fiquei sabendo que, de fato, ele era apaixonado pela Madalena. Porém, quem passava mais tempo no porre e na boemia, jamais seria aceito na família do saudoso Hermínio, da Praia Brava, hoje renomeada como Lamberto. 

   Tinha mesmo uma praia com este nome? Sim, claro! Parte da Praia do Lamberto, da original, como eu conheci, tornou-se uma área particular, foi transformada numa marina, com barreira bem cuidada que impede aos transeuntes a visão da linda paisagem. Pobre só entra lá se for para trabalhar. A outra parte é onde está o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo,  vizinha próxima do Saco da Ribeira.

    A mulher bonita, até onde sei, se realizou com o Benedito. A praia do Lamberto foi apagada ao público. Madalena, tristeza, se foi bem jovem.

    Só o estimado Nelson continua firme, se mantendo com pescarias e outros serviços temporários. 

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