quarta-feira, 26 de setembro de 2012

POBREZA ACOLHEDORA

Hoje, o humilde terreiro caiçara acolheu novamente a Mata Atlântica.  Da casinha... apenas lembranças.

                Muitas pessoas queridas já deixaram a nossa convivência. No entanto, vivem entre nós, em nossas lembranças. Só assim posso aceitar a imortalidade.

                Ontem, juntamente com a mana Ana, recordamos algumas dessas pessoas. Uma delas foi o Anginho, filho do Angelino e da Rosa. Quando criança andava sempre atrás da mãe, mas era comum encontrá-lo na casa da vó Maria Bidu, cuja casinha de pau-a-pique e sapê era no alto do morro, no caminho entre a praias Grande do Bonete e Fortaleza. Era onde de vez em quando eu parava para brincar um pouco, tomar café com biju e escutar as histórias da dona Maria, natural do Sertão da Caçandoca, casada  com Estevan Marcolino, vizinho do vô Estevan Félix.

                Mais tarde, já morando na Praia do Perequê-mirim, reencontramos o Ângelo e sua mãe. Foram tempos difíceis devido ao alcoolismo da mulher. Muitas vezes, sentindo-se desamparado, era em nossa casa que o Anginho tinha acolhida. Para a minha mãe, ele era como um de nós. Por ali ficava quanto quisesse, mas... por amor e compaixão à mãe, ele tornava a segui-la.

                Após o falecimento da Rosa, uma alma bondosa por nome de Zenaide acolheu o adolescente em seu restaurante na Praia da Enseada. Mais tarde, tendo como companheira a Isabel, viveu os seus melhores dias nesta vida. Foi cortando uma árvore que a morte o encontrou há três anos.

                Em minha mente estão: a casinha do alto do morro, os momentos acolhedores que convivemos e as histórias da dona Maria Bidu, de cujo terreiro avistava a região da Caçandoca, do Bonete e toda a Baía da Fortaleza. Visão maravilhosa! Duvida?

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