Eu
sempre gostei de andar pelos matos, nos nossos caminhos de servidão e nas
antigas ligações que atravessam a Serra do Mar em direção às terras de Serra
Acima. É herança de família!
A
foto de hoje mostra um desses momentos, quando eu e alguns primos paternos do
Sapê e Sertão da Quina fizemos a trilha do Campo (que nos liga à Vargem Grande,
no município vizinho de Natividade da Serra, grande produtora de farinha de mandioca na atualidade,
abastecendo os nossos mercados).
Por ocasião dessa caminhada, ao pernoitarmos um pouco abaixo do Campo (um local arenoso em partes, com cheirosas plantas, sobretudo candeias, e, uma porção de brejo muito interessante), tivemos uma surpresa: ao amanhecer, o frango que deixamos afundado no rio de águas geladas, com uma pedra prendendo bem, amanheceu despedaçado, com partes espalhadas em volta. Na hora foi um consenso: a lontra o descobriu durante a noite.
E agora? A preocupação era com o planejamento. Afinal, o frango era para o almoço; seria cozido junto com palmito e nos sustentaria para outras tantas horas de caminhada.
Ainda bem que os meus primos são práticos demais e sem nenhuma frescura moderna. Assim foi resolvido: na hora do almoço juntamos as partes espalhadas à parte maior do frango, colocamos no caldeirão junto com os toletes de palmito e o fogo brando deu o toque final. Depois cada um se conteve para não avançar na parte do outro. Que delícia!
Após a refeição, quando a maioria estava na sesta, o meu primo Ninico (Alcemir) disse:
- Quase que nós perdemos o frango! Acho que o bicho ficou com dó da gente. Eu prefiro dizer que foi a lontra. Foi a lontra. E daí? Ela comeu um pouco, mas nós comemos o resto!
Vale a pena contratar algum morador local e se aventurar nesse que é um dos mais antigos caminhos do nosso território caiçara: a Trilha do Campo.
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